Na resposta política e sanitária à situação de pandemia, é o Presidente da República quem mais se destaca na avaliação dos portugueses: tendo em conta a resposta dos inquiridos, 42 por cento considera que Marcelo Rebelo de Sousa merece boa nota, enquanto 28 por cento lhe atribui a classificação “razoável”. De resto, 22 por cento considera que a prestação do Chefe de Estado foi “Muito Boa” e apenas 4 por cento refere que a avaliação é “Má”.
Na comparação com dados anteriores, o Presidente da República regista praticamente os mesmos dados em relação a dezembro e julho de 2020, com uma tendência para uma avaliação ainda mais favorável dos portugueses neste último inquérito. Nas sondagens anteriores, apenas 15 por cento classificava a atuação do PR como “Muito Boa”, número que é agora de 22 por cento.
No campo político, o primeiro-ministro obtém uma avaliação “Razoável” por parte dos portugueses (45 por cento), enquanto 33 por cento consideram que a prestação de António Costa na resposta à pandemia foi “Boa” e oito por cento “Muito Boa”.
A avaliar pelos resultados obtidos nos inquéritos, nove por cento considera que o Chefe de Governo merece uma “Má” avaliação e quatro por cento dá a nota mais negativa. Ainda que se mantenha com uma avaliação geral positiva, António Costa tinha obtido resultados mais favoráveis nos dois inquéritos anteriores.
Também a ministra da Saúde é avaliada de forma positiva pelos portugueses: 41 por cento consideram a sua atuação “Razoável” e 34 por cento dizem que a prestação foi “Boa”. Sete por cento dizem que a prestação da ministra foi “Muito Boa”.
Tendo por base os inquéritos, há ainda portugueses que fazem uma avaliação “Má” (oito por cento) ou “Muito Má” (cinco por cento) da atuação de Marta Temido.
Em relação aos inquéritos anteriores, em dezembro e julho do ano passado, Marta Temido recebe praticamente a mesma avaliação por parte dos portugueses, com algumas diferenças positivas, sobretudo em relação ao inquérito de dezembro.
Por fim, a Direção-Geral da Saúde, tal como os protagonistas políticos anteriormente referidos, obteve uma avaliação geral positiva, com 43 por cento dos inquiridos a fazerem uma avaliação “Razoável” da resposta à pandemia.
Outros 37 por cento consideram que a DGS merece uma “Boa” nota nesta situação pandémica.
De resto, apenas sete por cento consideram que a entidade merece uma nota “Muito Boa” e outros sete por cento atribuem nota “Muito Má”. Quatro por cento dizem que a atuação da DGS foi “Muito Má”.
Nos três inquéritos realizados pela Universidade Católica desde julho, a Direção-Geral de Saúde é a que mais se mantêm praticamente inalterada nos resultados, com oscilações pouco significativas ao longo do último ano de pandemia.
Ainda no que diz respeito à avaliação dos órgãos políticos e de saúde, uma grande maioria de portugueses (58 por cento) considera que o calendário de desconfinamento delineado pelo Governo em março é adequado às circunstâncias. No entanto, 23 por cento dos inquiridos considera que o calendário deveria ser ainda mais lento, com um maior intervalo entre a abertura de serviços.
Outros 12 por cento consideram que o calendário deveria ser mais rápido no desconfinamento, com menor intervalo entre a abertura de serviços. Sete por cento dos inquiridos não sabem ou não responderam a esta questão.
Confiança na vacinação
Destaque neste inquérito para outros dados relevantes, para lá da avaliação dos portugueses aos protagonistas. De acordo com a sondagem da Universidade Católica, a atitude geral face às vacinas contra a Covid-19 é francamente positiva: tendo por base os inquéritos realizados, 82 por cento dos portugueses estão dispostos a receber a vacina assim que forem chamado, enquanto apenas nove por cento respondem que não quer receber a inoculação.
Cinco por cento dos inquiridos dizem estar noutra situação e outros cinco por cento não sabem ou não respondem.
Nota para a evolução favorável à vacinação entre inquéritos, não obstante as polémicas dos últimos meses com as vacinas disponíveis: em dezembro de 2020, apenas 61 por cento dos inquiridos estavam dispostos a receber a vacina assim que fosse chamado.
Na altura, 19 por cento admitiam que tentariam adiar a vacinação por algum tempo, cinco por cento tentariam este adiamento por “muito tempo” e oito por cento afirmavam que não queriam de todo ser inoculados.
PRR, desconhecido ou pouco consultado
Em relação ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), programa do Governo português para a recuperação da economia portuguesa no pós-pandemia que já foi submetido à Comissão Europeia, os inquiridos demonstraram um desconhecimento generalizado.
Há 49 por cento que dizem não saber do que se trata e 38 por cento sabem o que é, mas não o leram ou consultaram. Apenas dez por cento conhecem o plano do Governo, que dizem já ter consultado. Três por cento dos inquiridos não responderam a esta questão.
Em relação ao impacto do PRR, comumente referido por “bazuca europeia” pelos responsáveis políticos e imprensa, 33 por cento consideram que o plano não terá qualquer impacto na sua vida, enquanto 30 por cento acreditam que o impacto será “Positivo”. Há 20 por cento dos inquiridos nesta sondagem que não sabem ou não respondem a esta pergunta.
Entre os inquiridos, 13 por cento esperam um impacto “Negativo” e dois por cento “Muito Negativo”. Outros dois por cento esperam um impacto “Muito Positivo”.
Emprego e os "três grandes grupos" nos rendimentos
No panorama económico e a nível de emprego, o inquérito da Universidade Católica divide-se em dois grupos. Entre os inquiridos com emprego, 50 por cento consideram “Nada Provável” a possibilidade de perderem a atividade profissional no próximo ano. Há ainda 31 por cento que consideram esta hipótese como “Pouco Provável”.
Nove por cento dos inquiridos dizem que é “Algo Provável” e cinco por cento dizem que será “Muito Provável” perderem o emprego nos próximos 12 meses.
Entre os inquiridos que se encontram atualmente em situação de desemprego, 24 por cento consideram que será “Muito Provável” retomarem a atividade profissional ou encontrar um emprego no próximo ano, mas 23 por cento não pretendem retomar a atividade.
De resto, 15 por cento consideram que a hipótese de um regresso ao emprego ou atividade profissional é “Algo Provável”, outros 15 por cento dizem que é “Nada Provável” e ainda 14 por cento dos inquiridos dizem que esse será um cenário “Pouco Provável”.
Em relação à perda de rendimentos do agregado familiar, a maioria dos inquiridos (63 por cento) diz que se mantém com os mesmos rendimentos que tinha antes do início da crise sanitária.
No entanto, 25 por cento das pessoas que responderam a este inquérito dizem que têm nesta altura rendimentos inferiores.
Neste universo de inquiridos que perderam rendimentos, 13 por cento dizem ter um rendimento atual igual ou inferior a 33 por cento do total de rendimentos anteriores. Oito por cento têm um rendimento igual ou inferior a 50 por cento do rendimento anterior à pandemia. Apenas quatro por cento dos inquiridos que perderam rendimentos têm agora um rendimento superior a 50 por cento em relação ao que auferia antes da crise pandémica.
Em contraste com estes números, há nove por cento dos inquiridos que dizem ter ficado com rendimentos superiores após a pandemia de Covid-19.
“Em comparação com resultados de estudos anteriores, começa a ser mais clara a separação da população em três grandes grupos: um grupo maior, que representará cerca de 2/3 da população, que mantém rendimentos iguais; um segundo, que representará cerca de 1/4 da população, que perdeu rendimentos; um terceiro grupo, que nesta sondagem representa 9% dos inquiridos, que viu subir os seus rendimentos”, assinala a sondagem da Católica.
Perspetivas mais animadoras para o turismo
Por fim, em relação às férias, há 41 por cento dos portugueses que não planeiam fazer férias fora da sua residência habitual este ano. Neste inquérito, outros 11 por cento respondem que provavelmente não vão sair da residência para fazer férias.
Por outro lado, tendo por base as respostas recolhidas, 28 por cento dos portugueses certamente farão férias fora de casa, caso seja possível fazer deslocações, e outros 18 por cento assumem essa hipótese como provável.
O inquérito explica que muitos portugueses não costumam fazer férias fora da residência e que por isso “importa olhar para as respostas dos que em anos normais têm esse hábito”.
Entre os portugueses que já costumavam fazer férias fora da residência antes da pandemia, os resultados mostram um certo regresso à normalidade: destes, 46 por cento planeia fazer férias fora de casa, enquanto 26 por cento diz que essa hipótese é provável.
Apenas dez por cento afirmam que provavelmente não irão fazer férias fora da residência habitual e 15 por cento excluem de todo essa hipótese.
Esta é uma evolução potencialmente favorável para turismo face aos resultados obtidos há um ano, em maio de 2020. Na altura, mesmo entre os inquiridos que costumavam fazer férias fora da residência, 32 por cento afirmavam que não fariam férias fora de casa naquele ano, enquanto 20 por cento assumiam que “provavelmente” não fariam férias fora da residência habitual.
Há um ano, apenas 13 por cento afirmavam com certeza que fariam férias fora de casa e outros 32 por cento assumiam que provavelmente o fariam.
“Os resultados deste inquérito são muito mais animadores para o turismo do que os obtidos há um ano”, lê-se no inquérito realizado pela Universidade Católica.
Dos portugueses que planeiam fazer férias fora de casa, a esmagadora maioria (82 por cento) tenciona ficar por Portugal. Entre estes inquiridos, 38 por cento refere o Algarve como destino, 24 por cento a região Norte e 23 por cento o Alentejo.
Entre estes portugueses inquiridos que já costumam fazer férias fora de casa, apenas 18 por cento o planeia fazer fora do país: 13 por cento destes em destinos europeus e cinco por cento fora do continente.
Ficha técnica
Este inquérito foi realizado pelo CESOP Universidade Católica Portuguesa para a RTP e para o Público entre os dias 3 e 7 de maio de 2021. O universo alvo é composto pelos eleitores residentes em Portugal. Os inquiridos foram selecionados aleatoriamente a partir duma lista de números de telemóvel e telefone fixo, também ela gerada de forma aleatória. Todas as entrevistas foram efetuadas por telefone (Os inquiridos foram informados do objetivo do estudo e demonstraram vontade de participar). Foram obtidos 1123 inquéritos válidos, sendo 47 dos inquiridos mulheres, 29 da região Norte, 21 do Centro, 35 da A M de Lisboa, 6 do Alentejo, 5 do Algarve, 2 da Madeira e 2 dos Açores. Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo com a distribuição da população por sexo, escalões etários e região com base no recenseamento eleitoral e nas estimativas do INE. A taxa de resposta foi de 39. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 1123 inquiridos é de 2 9 com um nível de confiança de 95%.