Sociedade Financeira Internacional amplia cobertura nos PALOP com presença em Bissau

por Lusa

A Sociedade Financeira Internacional, instituição do Banco Mundial, vai ter em breve representação na Guiné-Bissau, alargando a cobertura nos países africanos de língua portuguesa, anunciou hoje o vice-presidente da instituição para África.

"Há cinco ou seis anos estávamos muito concentrados noutros mercados. Abrimos entretanto escritório em Luanda, em Maputo, na Praia (desde o início de 2023) e vamos, dentro de pouco tempo, ter alguém na Guiné-Bissau. Pouco a pouco, temos uma melhor cobertura dos países de língua portuguesa em África", declarou Sérgio Pimenta, vice-presidente da Sociedade Financeira Internacional (IFC, na sigla em inglês), em entrevista à agência Lusa.

Sérgio Pimenta não adiantou a data mas, como a Lusa noticiou, o IFC deu assistência técnica na preparação do concurso público para a privatização da maioria do capital da Guiné Telecom, detida maioritariamente pelo Estado guineense.

O responsável pelas operações de investimento e consultoria do IFC em África, que trabalha para expandir o setor privado em projetos nos setores financeiro, manufatura, agricultura e alimentação, serviços e infraestruturas, salientou que a energia e o agroalimentar estão entre as prioridades da instituição, especialmente em Angola e em Moçambique, mas também o turismo em Cabo Verde, por exemplo.

"Em Moçambique estamos a ver sobretudo energia, onde já estamos bastantes presentes. Tanto em Angola como Moçambique estamos a ver o setor agroalimentar e também, como está ligado, o setor dos transportes e da logística porque os dois países têm grande capacidade de produção agrícola, mas é preciso fazer uma ligação entre os produtores e os mercados", referiu. 

Importante em todos os países [lusófonos] é "o acesso ao financiamento para as pequenas e médias empresas com linhas de partilha de risco", detalhou Sérgio Pimenta.

Neste contexto, recordou que IFC integra, há dois anos, o Compacto Lusófono de Desenvolvimento, um fundo de garantias financeiras de 400 milhões de euros para investimentos nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), numa parceria entre Portugal e o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD).

"Juntámo-nos ao Compacto numa segunda fase, quando já estava lançado pelo BAD, (...) para trazer a nossa experiência e a nossa vontade para fazer mais pelos países lusófonos", disse o responsável do IFC, mas sublinhando que antes disso a instituição já tínha apostado "numa estratégia de aumentar as suas operações" nesses países.

A IFC já começou a apoiar projetos no terreno, especialmente em Cabo Verde, onde participou no financiamento dos aeroportos, assim como numa cadeia de hotéis, estando agora a tentar fazer com que o turismo em Cabo Verde beneficie todas as ilhas, referiu.

Como promotor do investimento privado tendo em vista o desenvolvimento, a Sociedade Financeira Internacional tenta incentivar as empresas a lançarem-se em novos projetos, mesmo se nalguns países os riscos são acrescidos.

"Se os governos têm capacidades limitadas, temos de encontrar alternativas e a fonte de financiamento mais lógica é o setor privado. Mas o setor privado, para fazer operações em países onde a perceção de risco é maior, precisa de condições de investimento favoráveis e por isso trabalhamos com os governos sobre o clima de investimento, facilitar autorizações, ter mais concorrência, mais transparência, para encorajarmos o investimento", explicou.

O vice-presidente do IFC para África falava à agência Lusa à margem do fórum sobre o setor digital e o desenvolvimento que a instituição organizou em Paris, onde várias organizações internacionais, empresas e académicos discutiram o futuro da internet e as suas utilizações em África.

Para Sérgio Pimenta, África não pode ficar fora da corrida à inteligência artificial.

"Estamos a falar do continente mais jovem do Mundo e estas são tecnologias desenvolvidas pela juventude. Ainda há um grande número de desigualdades, em África. Tudo que seja mercados digitais está concentrado em cinco mercados, nas grandes economias africanas como África do Sul, Quénia ou Egito", referiu, mas até nos Camarões, por exemplo "há homens e mulheres a desenvolverem novas soluções", indicou.

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