Siza Vieira: Há margem para reduzir o IRC, mas essa não deve ser a opção

por Antena 1

O antigo ministro da Economia considera que há margem para reduzir o IRC, mas diz que essa não é a melhor opção para a política económica do país.

Em entrevista à Antena1 e ao Jornal de Negócios, Pedro Siza Vieira explica que a opção do governo de descer o IRC ao longo do tempo vai beneficiar os grandes contribuintes e que em alternativa essa margem que existe para baixar o IRC devia ser usada para não tributar os lucros das empresas que fossem aplicados em tecnologias emergentes ou na concessão de créditos fiscais.
Siza Vieira refere que esta é a tendência que está a ser seguida na Europa e nos Estados Unidos e que reduzir o IRC vai concentrar a maior parte da poupança fiscal apenas em algumas empresas.

Em termos gerais, em relação ao pacote Acelerar a Economia apresentado pelo Governo adianta que percebe a sua utilidade, mas não assegura a transformação estrutural necessária.
Vê nesse pacote uma continuidade das medidas do anterior governo e defende a concretização rápida dos planos ligados ao Ambiente, como o simplex ambiental como forma de captar e reter investimento. Diz mesmo que a ministra do Ambiente "é das principais decisoras com impacto na economia portuguesa"

Pedro Siza Vieira vê a economia a crescer até acima do previsto pelo governo e por isso considera que há capacidade para acomodar o aumento dos salários.
Neste sentido, considera "conveniente" que o Orçamento do Estado seja aprovado e adianta mesmo que nenhum partido tem vontade de ir para eleições. Para Siza Vieira, vivem-se momentos em que os partidos jogam uma espécie de "jogo de sombras", sendo que cabe ao Executivo a "jogada inicial". Em concreto em relação ao PS, também não vê vantagem em ir a votos até porque precisa de arrumar primeiro a casa.

Em relação à AICEP e à polémica em torno da auditoria que no âmbito da "operação maestro" conclui que houve insuficiências de gestão que vão levar à devolução de 30 milhões de euros de fundos europeus já pagos, Siza Vieira adianta que "acha estranho que 30 milhões de euros tenham sido irregularmente executados" e considera que a situação tem de ser "melhor apurada".

Entrevista de Rosário Lira (Antena 1) e de Susana Paula (Jornal de Negócios) para ouvir em Podcast aqui.
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