A dependência de gás natural da Europa em relação à Rússia é de 80 a dez mil milhões de metros cúbicos (BCM). Daqui a seis meses, de acordo com o estudo que foi elaborado a pedido do Governo, com toda a capacidade operacional instalada e o transhippment a “velocidade de cruzeiro”, o Porto de Sines tem capacidade para receber no seu cais seis mil milhões de metros cúbicos/ano de gás natural liquefeito, a que acrescem mais 1,8 mil milhões de metros cúbicos/ano, a desembarcar no cais da REN.
Apesar de o Porto de Sines ter já neste momento as infraestruturas necessárias que permitem receber navios metaneiros e fazer o transhippment do gás natural liquefeito, bastando para o efeito instalar as tubagens para o transbordo do gás entre o navio que transporta o GNL e o que vai receber, a verdade é que do ponto de vista operacional montar uma operação comercial de compra de gás demora o seu tempo e, por isso, dificilmente Sines poderia seria usado de um dia para o outro para suprir a falta de gás na Europa.
Só o transporte do Dubai ou dos Estados Unidos pode demorar cinco semanas. Se for gás da Nigéria, esse tempo reduz-se para duas semanas, mas tudo depende dos negócios a realizar. Ou seja, Sines tem a infraestrutura, faltam as operações comerciais, até porque o gás armazenado em Portugal, com capacidade para ser vendido a outros países, seria uma gota de água no oceano.
De resto, a operação de transhippment é sensível, mas simples e rápida. Refira-se que um navio metaneiro pode transportar cerca de 270 mil metros cúbicos de gás natural liquefeito. Uma vez no cais, esse gás natural liquefeito que está a menos de 170 graus centígrados é transferido através de uma tubagem, para o outro lado do cais, para navios mais pequenos de cerca de 50 mil metros cúbicos. São estes navios que seguem então para os portos do norte da Europa.
Um navio de 50 mil metros cúbicos, segundo fonte do Porto de Sines, demora cerca de dez horas a carregar, o que significa que cada navio que chegasse a Sines demoraria cerca de um dia a dia e meio a descarregar a sua carga.
A médio e longo prazo, conforme o parecer técnico que foi pedido pelo Governo a um grupo de trabalho que integrou o Porto de Sines e vários ministérios, com 100 milhões de euros, seria possível duplicar a capacidade, construindo um outro cais e alargando o da REN. Uma obra para durar três anos. Um investimento que, dizem os peritos, a avançar deve estar já preparado para receber novas energias como o hidrogénio.