Scholz declara apoio à construção de gasoduto entre Portugal e a Europa Central

por Andreia Martins - RTP
Lisi Niesner - Reuters

O chanceler alemão Olaf Scholz declarou esta quinta-feira o seu apoio à construção de um gasoduto entre Portugal e a Europa Central para conseguir reduzir a dependência energética da Europa face à Rússia.

"Esse gasoduto iria aliviar de forma massiva a situação atual do abastecimento", disse Scholz na conferência de imprensa a partir de Berlim.

De acordo com a agência Reuters, Olaf Scholz confirmou ainda que abordou o assunto em conversações com os líderes da Espanha, Portugal, França e a Comissão Europeia em Bruxelas.

O chanceler alemão adiantou ainda que tem exercido forte pressão para a criação de um gasoduto que ligue Portugal à Europa Central passando por Espanha e França.

Sholz lamenta mesmo que o gasoduto não tenha ainda sido construído. "Faz falta de uma forma dramática", considerou.
A Alemanha é a mais poderosa economia da União Europeia mas é também, ao mesmo tempo, um dos países mais dependentes de Moscovo no que ao consumo de energia diz respeito. Em 2021, 55 por cento das importações alemãs de gás natural vieram da Rússia.

Nesta conferência de imprensa, o chanceler alemão garante que o país está à procura de alternativas, mas admite que a energia será inevitavelmente mais cara no próximo inverno.

A nível energético, Portugal e Espanha são uma espécie de "ilha", com uma interconexão residual aos restantes países da Europa.

Portugal recebe gás natural sobretudo por mar, a partir de Sines, mas também por dois gasodutos vindos de Espanha. O país vizinho, por sua vez, tem acesso ao gás natural produzido no norte de África (Marrocos e Argélia).

Nos últimos anos, a França tem sido a grande opositora às ligações energéticas com a Península Ibérica. No entanto, desde o início da guerra na Ucrânia, têm sido várias as pressões para que seja estabelecida uma maior interligação entre Lisboa, Madrid e o resto da Europa.

Logo no primeiro dia do conflito, a 24 de fevereiro de 2022, o primeiro-ministro António Costa lembrou que a interconexão entre a Península Ibérica e o resto da Europa seria essencial para aumentar a segurança energética de um continente que é extremamente dependente dos abastecimentos russos.

"O aumento das interconexões entre Portugal e Espanha e de Espanha com o conjunto da Europa é absolutamente decisivo para aumentar significativamente a segurança energética da Europa. E, por outro lado, a articulação de Portugal com um conjunto de países africanos que são fornecedores de energia, e também com as importações que podem vir dos Estados Unidos da América, onde temos infraestruturas para acolhimento e exportação”, referia então o primeiro-ministro.

Em maio último, em declarações à RTP, o secretário de Estado do Ambiente e da Energia sublinhou que Portugal poderá ter um contributo decisivo ao nível energético no atual contexto de escassez e dependência energética.

"Estamos a falar de necessidades de curtíssimo prazo, e uma das grandes vantagens de Sines é que pode de imediato desempenhar este papel de abastecimento com navios mais pequenos do que o norte da Europa".
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