A russa Gazprom anunciou esta sexta-feira que a construção do gasoduto entre a Rússia e a Alemanha, sob o Mar Báltico, ficou concluída.
A par da primeira linha Nord Stream, o novo gasoduto deverá permitir exportar até 110 mil milhões de metros cúbicos de gás natural, cerca de metade da totalidade das exportações energéticas anuais russas para a Europa.
A Gazprom já é o maior fornecedor de gás natural da Europa, responsável pelo abastecimento de um terço do mercado. Moscovo afirmou estar apenas à espera da luz verde do regulador alemão para iniciar o envio de gás natural.
Antes de emitir a licença necessária, o regulador alemão tem de garantir a operacionalidade do gasoduto de acordo com as regras europeias, incluindo a absoluta distinção entre os detentores do gasoduto e os fornecedores do gás natural, para garantir competição justa.
As parceiras europeias da Gazprom no Nord Stream 2 são a alemã Uniper, a Wintershall Dea, a petrolífera Shell, a austríaca OMV e a francesa Engie, responsáveis por 50 por cento dos custos de construção, sob rigorosas garantias de respeito ambiental.
O Kremlin já referiu que “toda a gente” tem interesse que o Nord Stream 2 obtenha as licenças operacionais. Berlim tem ameaçado contudo usar o projeto como arma de pressão diplomática para faze a Rússia respeitar os direitos humanos, como no caso do opositor Alexei Navalny.
Críticas ao projetoA construção do gasoduto foi iniciada pela Rússia há cinco anos, em 2018, com o fito de aumentar as capacidades de exportação energética para a Europa, tanto pelo norte, através do Mar Báltico, como pelo sul, através do Mar Negro, onde opera o gasoduto TurkStream. Em finais de 2019, a imposição de sanções por parte do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ditou atrasos na construção do projeto, orçado em 11 mil milhões de dólares. A construção foi retomada cerca de um ano depois com o apoio de navios russos.
O projeto tem sido criticado pelos Estados Unidos, pela crescente dependência energética europeia da Rússia e pela concorrência aos seus próprios planos de aumentar as exportações de gás natural liquefeito para território europeu.
Também a Ucrânia, que perde vantagem estratégica e arrisca perder milhares de milhões de dólares em taxas de trânsito se Moscovo decidir abandonar os gasodutos do país, tem criticado veementemente o projeto. Kiev mostrou-se cética perante o anúncio desta sexta-feira.
O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, já recomendou à Ucrânia que mostre boa vontade se pretende que o trânsito das exportações para a Europa continue a passar pelo seu território. O atual contrato russo de utilização do gasoduto ucrâniano, válido por cinco anos, termina em 2024.