Revisão em alta. Banco de Portugal antevê economia a crescer 2% em 2024
O Banco de Portugal procedeu esta sexta-feira a um acerto em alta da previsão de crescimento da economia portuguesa em 2024, situando-a em dois por cento. A estimativa excede o que está estimado no Orçamento do Estado em vigor e a expectativa do primeiro-ministro indigitado, Luís Montenegro.
No Boletim Económico de março, agora publicado pela instituição encabeçada por Mário Centeno, prevê-se uma progressão do PIB de dois por cento este ano, de 2,3 por cento em 2025 e 2,2 em 2026. É uma revisão em alta de 0,8 pontos percentuais em 2024 e de 0,2 pontos em 2025 e 2026, relativamente ao boletim anterior.A estimativa aponta para uma desaceleração do crescimento mais ligeira face a 2023, Isto depois de o Produto Interno Bruto ter crescido acima do esperado - 2,3 contra 2,1 por cento -, graças à recuperação da atividade económica na última fase do ano.
O Banco de Portugal mostra-se, deste forma, mais otimista face à previsão de 1,5 por cento inscrita no Orçamento do Estado para 2024 aos 1,6% avançados no quadro macroeconómico da Aliança Democrática, coligação pela qual foi eleito Luís Montenegro, esta semana indigitado como primeiro-ministro.
O regulador da banca aponta ainda para um crescimento trimestral de 0,7 por cento, no início deste ano, e de 0,6 daí em diante.
O crescimento deverá assentar no investimento e nas exportações.Recorde-se que Comissão Europeia e OCDE preveem um crescimento de 1,2 por cento para Portugal. O Conselho de Finanças Públicas prevê 1,6 por cento.
De 2024 a 2066, segundo o Banco de Portugal, a atividade poderá ser positivamente impactada por uma menor inflação, pelas medidas adotadas no Orçamento do Estado, pela esperada aceleração da procura externa e pela execução do Plano de Recuperação e Resiliência.
As exportações, estima o regulador, crescem 3,5 por cento este ano, ao passo que o investimento sobe 3,6 por cento e o consumo privado 2,1.Ainda assim, são identificados riscos para o comportamento da economia do país, desde logo a incerteza quanto à política económica e atrasos na execução de fundos europeus. No capítulo internacional, o risco reside nas tensões geopolíticas, que podem levar a um abrandamento das exportações.
O governador do Banco de Portugal referiu, em conferência de imprensa, que o pico das taxas de juro já foi alcançado, prevendo-se agora um recuo. Todavia, não para níveis pré-pandemia. Mário Centeno advertiu também para a necessidade de conservar a folga financeira do país, acautelando assim uma futura crise.
"A previsão que hoje aqui trazemos traz boas notícias, mas a condução da política económica deve preservar a margem financeira entre o país e a próxima crise", vincou o antigo ministro das Finanças, para acrescentar que Portugal "não pode perder a oportunidade de, num período de crescimento económico, continuar a preparar-se para futuro".
"A margem financeira que existe deve ser colocada ao serviço do futuro e não consumida no presente", insistiu.
c/ Lusa