O presidente da Federação Distrital de Viseu do PS disse hoje que a resolução do problema de falta de água na região "tem no Governo um grande parceiro", mas que "tem de haver liderança" para construir uma solução.
"Se voltar a falhar água em Viseu, compete ao senhor presidente da Câmara (Almeida Henriques) assumir as responsabilidades, porque não deu o passo em frente, não apresentou as candidaturas, não liderou o processo da solução que a região exige. Portanto, a culpa será só dele", afirmou António Borges, em conferência de imprensa.
Na quarta-feira, Almeida Henriques (PSD) admitiu que, se o Governo não assegurar que a futura empresa intermunicipal de abastecimento de água e saneamento receberá 50 milhões de euros de apoios comunitários, esta poderá não ser constituída.
"Com menos de 50 milhões de euros de garantias de apoios comunitários para a empresa intermunicipal não conseguimos avançar, nem ela é viável. Porque se estivermos a assumir todo este investimento numa perspetiva de um empréstimo de médio prazo, isso é ruinoso para os municípios", disse aos jornalistas.
Em setembro de 2017, com o objetivo de encontrar soluções para o problema da escassez da água sentida na região, os municípios de Viseu, Mangualde, Nelas, Penalva do Castelo, Sátão, São Pedro do Sul, Vila Nova de Paiva e Vouzela celebraram um acordo para a constituição de uma empresa intermunicipal.
António Borges lamentou que, nos últimos dias, tenha havido "muitas afirmações imprecisas e pouco rigorosas, sobretudo de quem tem falado muito e feito pouco", e lembrou que o Governo "lançou um aviso que fomenta a agregação de municípios para a gestão conjunta dos seus sistemas".
"Esse aviso está aberto de igual forma para sistemas criados apenas com as autarquias ou que também envolvam as Águas de Portugal", explicou, esclarecendo que a Federação Distrital de Viseu do PS defende um sistema integrado, sem o envolvimento das Águas de Portugal.
António Borges disse aos jornalistas que, em Viseu, "tem de haver liderança para construir essa solução".
"Que se traga essa solução, se apresente uma candidatura aos fundos que o Ministério do Ambiente abriu para resolver esses problemas", exortou o dirigente socialista, acrescentando que "é preciso trabalhar e apresentar candidaturas para depois ter resultados e não estar à espera que os outros façam o trabalho".
Pedro Baila, vereador do PS na Câmara de Viseu, lembrou que, em 2005, a região foi atingida por "uma seca grave", embora "não tão grave" como a de 2017.
"Na altura, eleitos do PS disseram que tinha que ser resolvido rapidamente aquele problema infraestrutural, desde logo na Barragem de Fagilde, apontando uma solução que é esta que agora está a ser concretizada", quase "quinze anos depois desse aviso", afirmou.
Na sua opinião, "houve inépcia, houve inércia, durante estes anos todos pelos executivos municipais do PSD para resolver este problema, que era visível" e relativamente ao qual houve chamadas de atenção.
"O PS apresentou 50 medidas concretas, fez cálculos em que é visível que a ligação a outros sistemas de abastecimento é conveniente para resolver este problema de uma maneira estruturada, com custos sustentáveis e ambientalmente correta para muitos anos. O doutor Almeida Henriques anda a culpar os outros e não tem sabido lidar com esta situação", considerou.
Almeida Henriques explicou aos jornalistas na quarta-feira que estão a ser concluídos os estudos necessários para constituir a empresa, mas que, nas conversas que tem havido com o Governo, a expectativa dos oito municípios "está a ser um pouco gorada".
"Saímos da última reunião que tivemos com o Governo muito dececionados. De cada vez que falávamos num investimento diziam `já não há dinheiro` no ciclo urbano da água", contou na quarta-feira.