Relatório realça que Área Metropolitana do Porto produz 54% do PIB do Norte
O relatório socioeconómico do Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular, divulgado hoje, destaca que, dos 60,3 biliões de euros produzidos no Norte em 2020, 54% vêm da Área Metropolitana do Porto, revelando uma "polarização económica".
"O Produto Interno Bruto (PIB) do Norte de Portugal ascende, em 2020, a 60.328.346 milhões de euros. Mais de metade do mesmo (54%) vem da Área Metropolitana do Porto (AMP); seguida pelos 12% que provêm do Cávado e 11% do Ave, fazendo com que a dita polarização económica mostre o seguinte rácio: o PIB da AMP é 4,6 vezes superior ao da região do Cávado", lê-se no documento, a que a Lusa teve acesso.
A apresentação do primeiro relatório socioeconómico do Eixo Atlântico do Nororeste Peninsular, que olha para o Norte português e para a Galiza, aconteceu hoje na sede da Associação Empresarial de Portugal (AEP), em Matosinhos, no distrito do Porto.
Em termos do PIB per capita, a AMP, com um índice de 18.719 euros por habitante, o Cávado de 17.300 euros/habitante, e o Ave de 16.534 euros, ocupam os três primeiros lugares, em contraste com o Douro, com 14.601, o Alto Tâmega, com 12.688, e o Tâmega e Sousa, com 12.310, o que demonstra que "as áreas mais produtivas estão localizadas no litoral do território", destaca o texto.
O ecossistema empresarial é dominado por microempresas, com menos de 10 trabalhadores, que "representam 95,6% do total de empresas da região", seguindo-se 3,8% de empresas médias (de 10 a 249 trabalhadores), e apenas 0,1% das empresas são grandes, com mais de 250 trabalhadores, correspondendo a 296 estabelecimentos.
A polarização económica transparece na dispersão territorial, com 206.628 empresas na AMP, zona onde se concentram 189 grandes empresas, 47.027 no Cávado, 40.264 no Ave, que tem 37 grandes empresas, e 38.457 no Tâmega e Sousa.
Em termos setoriais, a região Norte dedica-se, maioritariamente, ao comércio, mas também ao setor agrário e a atividades públicas relacionadas com a saúde, educação e apoio social.
Na AMP são predominantes as atividades terciárias e industriais, uma tendência seguida, ainda que em menor escala, pelo Tâmega e Sousa e Cávado e Ave, enquanto as regiões do Douro, Trás-os-Montes e Alto Minho têm um "padrão de especialização específico com base no setor primário".
A única região com um saldo positivo de atratividade empresarial é o Grande Porto, onde, "por cada empresa que se dissolve, nascem 1,32 empresas", enquanto Alto Minho, Alto Tâmega, Douro e Trás-os-Montes apresentam saldos demográficos empresariais negativos, sendo o pior Trás-os-Montes, com uma taxa de 0,83 empresas criadas por cada empresa fechada.
Quanto à taxa de sobrevivência, 73,6% das empresas sobrevivem após um ano de atividade, 59,13% depois de dois, 49,8% mantêm-se ativas a partir do terceiro ano, e somente 34,8%, pouco mais de um terço, continuam abertas ao fim de cinco anos de operação.
A economia galega, releva o documento, cresceu 5,2% em 2021, uma evolução "robusta e muito positiva, se se tem em conta os lastros que impôs a covid-19", o que "augura altas probabilidades de crescimento e consolidação", embora o futuro esteja condicionado pela "utilização de fundos europeus" e pela guerra na Ucrânia.
Também nesta região há uma forte assimetria territorial em termos da concentração de empresas e da produtividade das mesmas, com melhores resultados junto à faixa litoral.