Reino Unido trava medidas climáticas. "Não salvaremos o planeta se levarmos os britânicos à falência"
O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, está prestes a recuar na luta contra as alterações climáticas e a adiar os objetivos ambientais relativos a automóveis, caldeiras e emissões. De acordo com a ministra do Interior Suella Braverman, para atingir o compromisso de zero emissões de carbono, o Reino Unido precisa de adotar uma "abordagem pragmática, proporcional e que sirva os objetivos dos britânicos", que não os conduza à falência. Um passo atrás face ao Governo anterior de Boris Johnson que já suscitou várias reações da indústria automóvel.
Isto depois de ter divulgado, na terça-feira, uma declaração garantido que o Governo britânico continuava totalmente comprometido com os compromissos ambientais, mas que queria alcançá-los "de uma maneira melhor e mais proporcional", pelo que tomaria "uma decisão importante a longo prazo" esta semana.
"Já fizemos o suficiente. Agora é a vez dos outros países", afirmou Rishi Sunak.
Com a especulação a aumentar, a ministra do interior do Reino Unido, Suella Braverman, disse esta quarta-feira, em entrevista à Times Radio, que o país precisava de adotar uma abordagem pragmática para atingir as “emissões zero” porque não poderia “salvar o planeta levando o povo britânico à falência".
Nos últimos meses, começou a hesitação no Governo de Rishi Sunak relativamente a algumas medidas adotadas pelo seu antecessor Boris Johnson, para reduzir a zero as emissões até 2050, que tornaram o Reino Unido na primeira grande economia a criar um objetivo juridicamente vinculativo e aumentaram a sua capacidade de energia renovável. O ex-primeiro-ministro britânico queria fazer do Reino Unido “a Arábia Saudita do vento”.
No entanto, o custo da descarbonização tem-se refletido no aumento do custo de vida dos britânicos, desde as viagens até ao aquecimento das casas, que se têm demonstrado insatisfeitos com os efeitos de algumas políticas verdes.
Deste modo, o Governo do autoproclamado líder na política climática vê-se forçado a reduzir ou a adiar algumas das políticas ambientais para não aumentar a insatisfação dos britânicos e, com isto, não perder eleitores nas próximas eleições parlamentares, já no próximo ano.
Uma nova data de transição para veículos elétricos?
Especula-se que a indústria automóvel possa vir a ser uma das áreas visadas pelas novas medidas do Governo, com o adiamento da introdução da proibição da venda de novos carros a gasolina e Diesel para 2035, em vez da atual meta de 2030. À semelhança da União Europeia, que também adotou uma meta para 2035.
A concretizar-se, esta medida parece não agradar à indústria automóvel, que teme que a “confusão” sobre a política climática dificulte a transição para os veículos elétricos, numa altura em que investe sem precedentes na produção destes veículos. "A indústria automóvel investiu e continua a investir milhares de milhões em novos veículos elétricos, uma vez que a descarbonização do transporte rodoviário é essencial para atingir o zero líquido", afirmou Mike Hawessa, diretor Executivo da Society of Motor Manufacturers and Traders.
No entanto, o custo da descarbonização tem-se refletido no aumento do custo de vida dos britânicos, desde as viagens até ao aquecimento das casas, que se têm demonstrado insatisfeitos com os efeitos de algumas políticas verdes.
Deste modo, o Governo do autoproclamado líder na política climática vê-se forçado a reduzir ou a adiar algumas das políticas ambientais para não aumentar a insatisfação dos britânicos e, com isto, não perder eleitores nas próximas eleições parlamentares, já no próximo ano.
Uma nova data de transição para veículos elétricos?
Especula-se que a indústria automóvel possa vir a ser uma das áreas visadas pelas novas medidas do Governo, com o adiamento da introdução da proibição da venda de novos carros a gasolina e Diesel para 2035, em vez da atual meta de 2030. À semelhança da União Europeia, que também adotou uma meta para 2035.
A concretizar-se, esta medida parece não agradar à indústria automóvel, que teme que a “confusão” sobre a política climática dificulte a transição para os veículos elétricos, numa altura em que investe sem precedentes na produção destes veículos. "A indústria automóvel investiu e continua a investir milhares de milhões em novos veículos elétricos, uma vez que a descarbonização do transporte rodoviário é essencial para atingir o zero líquido", afirmou Mike Hawessa, diretor Executivo da Society of Motor Manufacturers and Traders.
Várias grandes empresas do sector já reagiram, em comunicado esta quarta-feira: pedem clareza e afirmam que qualquer atraso na proibição governamental dos automóveis a gasolina põe em risco a transição para os veículos elétricos.
A Ford UK considera que deixar cair o prazo para 2030 seria um erro e garante que a indústria automóvel precisa “de três coisas do Governo britânico: ambição, compromisso e consistência” e que “um relaxamento de 2030 prejudicaria todos os três”, acrescentou Lisa Brankin."A meta do Reino Unido para 2030 é um catalisador vital para acelerar a Ford para um futuro mais limpo", disse a presidente da Ford UK, Lisa Brankin, em comunicado na quarta-feira.
Já a BMW UK preferiu “não comentar especulações” e pediu “clareza no tópico dos veículos de emissões zero", disse um porta-voz da unidade britânica da empresa alemã, também esta quarta-feira.
c/ agências
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