O governo do Reino Unido anunciou no sábado uma parceria com redes sociais para intensificar o combate ao conteúdo que incentiva migrantes a efetuar travessias ilegais do Canal da Mancha.
A parceria entre a NCA, a agência britânica de combate ao crime, e a Meta (dona do Facebook e do Instagram), o TikTok e a X (antigo Twitter) quer prevenir que os migrantes tenham acesso a conteúdo de contrabandistas que incentivam a perigosa travessia.
A parceria pretende combater publicações que promovem preços mais baixos para travessias em grupos, geralmente feita em pequenos barcos, ofertas de documentos falsificados e promessas de "passagem segura", disse o Governo do Reino Unido, num comunicado.
Um plano lançado em 2021 já tinha resultado na suspensão ou exclusão de "4.700 publicações, páginas ou contas" em redes sociais, sublinhou o comunicado.
Um centro especializado, com financiamento de 11 milhões de libras (12,7 milhões de euros), deverá ser criado para combater este tipo de conteúdo.
O governo britânico espera ainda a futura aprovação de um projeto de lei que visa combater conteúdo ilegal colocado por contrabandistas não apenas nas redes sociais, mas também em outros pontos da Internet.
"Este novo compromisso" das redes sociais irá ajudar as autoridades a "redobrar esforços" para lutar contra os contrabandistas, "trabalhando juntos para acabar com o seu negócio sinistro", sublinhou o primeiro-ministro Rishi Sunak.
A medida faz parte da nova política de imigração do Reino Unido, que quer dificultar os pedidos de asilo com medidas drásticas de cortes orçamentais no acolhimento dos requerentes.
No entanto, a contestação tem obrigado ao adiamento de várias das iniciativas emblemáticas da nova política do Governo conservador de Rishi Sunak.
Um navio de 93 metros de comprimento e 27 de largura, com 223 cabinas, deveria ter começado, em 01 de agosto, a abrigar até 500 requerentes de asilo, mas o arranque foi adiado por questões de segurança.
Um projeto para alojar dois mil requerentes de asilo numa base militar desativada no norte de Inglaterra foi adiado no final de julho, por falta de pessoal qualificado para gerir água, gás e eletricidade no local.
No ano passado, um projeto semelhante na aldeia de Linton-on-Ouse, também no norte do país, foi finalmente colocado de lado, após a oposição massiva dos moradores.
Sunak, que tem visto a sua popularidade cair nas sondagens, a um ano das próximas eleições legislativas, endureceu a sua retórica anti-imigração e prometeu acabar com as travessias ilegais no Canal da Mancha, um dos estreitos mais movimentados do mundo, palco frequente de naufrágios fatais.
Uma nova lei que entrou em vigor em julho - e que tem sido criticada dentro e fora de fronteiras, inclusivamente pela ONU - proíbe os migrantes que fizeram a travessia - eram mais de 45 mil em 2022 e já são quase 15 mil em 2023 - de pedirem asilo no Reino Unido.