Regresso ao défice? Governo mantém otimismo e diz que BdP está em "contramão" nas previsões

por Andreia Martins - RTP
Foto: José Pinto Dias - RTP

O primeiro-ministro reagiu esta sexta-feira às previsões divulgadas pelo Banco de Portugal que apontam para o regresso do país a uma situação deficitária em 2025. Luís Montenegro preserva o otimismo quanto ao excedente orçamental no próximo ano e salienta que "mais nenhuma entidade" interna ou externa acompanha o "pessimismo" do governador.

No Porto, à chegada à Fundação de Serralves, o chefe de Governo respondeu aos jornalistas sobre as previsões do Banco de Portugal hoje divulgadas

O governador da instituição fez saber que as projeções orçamentais apontam para o regresso a uma situação deficitária, ainda que o rácio da dívida pública possa manter uma trajetória descendente.
O executivo estimava no Orçamento do Estado para 2025 que se iria verificar um excedente de 0,3 por cento em 2025. Já a instituição liderada por Mário Centeno fez saber hoje que prevê uma deterioração do saldo orçamental em 2025 para -0,1 por cento do PIB.

O chefe de Governo enfatizou que estas expetativas contrastam com as previsões do Governo. Luís Montenegro destacou que os dados do Banco de Portugal “aparecem em contramão, visto que não há mais nenhuma entidade que acompanhe o pessimismo que o senhor governador do Banco de Portugal expressou”. “Todas as entidades internas e externas têm uma visão diferente do Banco de Portugal”, destacou Luís Montenegro.

“A posição do Governo é de manter firmeza e confiança no cumprimento do nosso objetivo de termos um superavit no próximo ano”, afirmou o primeiro-ministro.

Perante a dissonância entre as duas previsões, o "tira-teimas" só será possível a 31 de dezembro de 2025, afirmou. Eventuais acertos “se necessário”
Ainda que numa posição “mais otimista”, Luís Montenegro assegurou que o Governo irá acompanhar a execução orçamental e, “se for necessário”, fazer “algum acerto” para cumprir os seus objetivos.

Por outro lado, o primeiro-ministro assumiu que as perspetivas e cenários do Banco de Portugal “não são tão diferentes quanto isso”, ao destacar que as previsões de Governo e da instituição liderada por Mário Centeno surgem separadas por “quatro décimas”.
“O Governo está empenhado em manter esta trajetória de estabilidade e credibilidade das contas públicas portuguesas”, vincou Montenegro.
“Não é uma grande diferença”, apontou, mas “o valor simbólico subjacente” a essa diferença é significativo. “É a diferença entre ter défice ou não ter défice”, explicou o chefe de Governo.

Luís Montenegro quis assegurar ao país que “não há motivo para alarme” e que o Governo continua “firme e confiante no desempenho da economia e na capacidade de gerir a execução orçamental”.
“Registamos a falta de confiança”
Em resposta aos jornalistas, Luís Montenegro afiançou que mantém as suas previsões apesar das medidas aprovadas pelos partidos da oposição na discussão do Orçamento do Estado para 2025.

Essas medidas vão representar um “incremento da despesa”, mas o Governo fará “um esforço para comportar as propostas aprovadas”.

No entanto, haverá dessa forma uma “corresponsabilização das contas públicas de todos os partidos com representação parlamentar, em particular os que têm maior representação”, ainda que “a responsabilidade primeira” seja do Governo.

O executivo “dispõe da sua margem de definição das políticas públicas para poder chegar ao fim do ano com o resultado a que se propôs” e, para Luís Montenegro, “há todas as razões para confiar nas nossas perspetivas”.

“O senhor governador não confia tanto, nós registamos essa falta de confiança”, concluiu o primeiro-ministro.

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