A Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria pediu audiências urgentes à Comissão de Economia e ao ministro das Infraestruturas para discutir medidas de compensação após a escolha de Alcochete para localizar o futuro aeroporto.
"Seremos a única região do país [Centro] que não terá uma infraestrutura aeroportuária e entendemos que deve haver medidas de compensação, nomeadamente ao nível das portagens, que é um tema que para nós é relevante, e ao nível de algumas infraestruturas rodoviárias que estão em falta, nomeadamente o IC [itinerário complementar] 8", afirmou à agência Lusa o 1.º secretário executivo da CIMRL.
À margem de uma reunião da CIMRL em Alvaiázere, Paulo Batista Santos sustentou que o Governo deve olhar para esta região e lembrou que o futuro aeroporto contempla "um investimento global do país de 12,6 mil milhões de euros", incluindo também uma nova travessia sobre o Rio Tejo e a linha de alta velocidade (LAV) Lisboa-Madrid.
"Esta região deve ser compensada com algum investimento que pelo menos estimamos que tenha a dimensão dentro daquilo que foi o estudo da Comissão [Técnica] Independente, que projetava em termos de benefícios caso o aeroporto fosse a norte do Tejo", referiu este responsável, acrescentando que "o país tem de trabalhar na coesão".
O presidente da Câmara da Marinha Grande, Aurélio Ferreira, adiantou que a necessidade de requalificação do IC8, no troço entre Avelar, no concelho de Ansião, e Pombal, é algo que a CIMRL reclama "há muito tempo".
Já no que se refere à isenção de portagens, Aurélio Ferreira, apontou a Autoestrada 19 (Variante da Batalha) e os troços entre Marinha Grande Sul e Leiria Sul da Autoestrada 8.
Neste último caso, o autarca realçou a importância desta isenção para minimizar e reduzir o tráfego rodoviário na Estrada Nacional 242, entre aqueles dois concelhos.
"É altura de o Governo olhar para nós de um outro ponto de vista" e a CIMRL não ficar de fora do "investimento a nível nacional", defendeu Aurélio Ferreira.
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou no dia 14 que o Governo aprovou a construção do novo aeroporto no Campo de Tiro de Alcochete, com a denominação Aeroporto Luís de Camões, com vista à substituição integral do Aeroporto Humberto Delgado.
O executivo decidiu também mandatar a Infraestruturas de Portugal para concluir os estudos para a construção da Terceira Travessia do Tejo e da ligação ferroviária de alta velocidade Lisboa-Madrid.
Na ocasião, a CIMRL considerou que a decisão do Governo de localizar o novo aeroporto em Alcochete, bem como a definição como prioridade da futura LAV Lisboa-Madrid "são opções que devem ser acompanhadas com projetos de reforço da mobilidade da Região Centro do país às novas infraestruturas".
Neste aspeto, apontou a "antecipação da segunda fase do TGV Lisboa-Porto, do troço de ligação entre Soure, Leiria e Carregado (Lisboa), apenas projetada para iniciar os trabalhos depois de 2030".
A CIMRL anunciou também que iria promover uma reunião das comunidades intermunicipais da Região Centro com o Governo para avaliar "os impactos desta decisão para a coesão territorial e ao nível dos fluxos de desenvolvimento económico", dado que a futura localização aeroportuária e a desativação total do Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, "terão fortes consequências nas dinâmicas populacionais, turísticas e ao nível das empresas e emprego, o que exige uma urgente resposta da antecipação deste novo contexto e respetivos desequilíbrios regionais".
Integram esta comunidade intermunicipal os concelhos de Alvaiázere, Ansião, Batalha, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Leiria, Marinha Grande, Pedrógão Grande, Pombal e Porto de Mós.