Recomeçam obras da segunda fase do metrobus do Porto que tinham sido suspensas

As obras da segunda fase do metrobus do Porto, suspensas pela nova administração da Metro do Porto em outubro, recomeçaram na segunda-feira na Avenida da Boavista, entre o Rosário e a Fonte da Moura, confirmou fonte da transportadora.

Lusa /

"Está a ser intervencionado o troço já iniciado entre o Colégio do Rosário e [a Avenida do Dr.] Antunes Guimarães", disse à Lusa fonte oficial da Metro do Porto.

No dia 03 de outubro, a Metro do Porto decidiu fazer uma "paragem técnica temporária" da obra da segunda fase do metrobus, que arrancou em 22 de setembro.

"A Comissão Executiva da Metro do Porto informa que foi possível encontrar uma solução de consenso para uma paragem técnica temporária da obra da fase II do projeto BRT/MetroBus, durante a qual serão assegurados os serviços estritamente necessários de segurança e vigilância de estaleiro de vedações de obra", refere a empresa, em comunicado enviado à Lusa.

Segundo a Metro, "este consenso, que assegura a defesa do interesse público, permitirá ainda uma análise cuidada sobre a obra e os seus desenvolvimentos, salvaguardando sempre o respeito pela lei, nomeadamente compromissos existentes, conciliados com o bem-estar dos cidadãos".

As obras da segunda fase do metrobus arrancaram em 22 de setembro, no corredor bus dedicado da Avenida da Boavista, no troço compreendido entre a Rua Jorge Reinel (junto ao Colégio do Rosário) e a Avenida do Dr. Antunes Guimarães, e foram alvo de contestação, quer por parte de candidatos à presidência da Câmara do Porto, quer por populares, nomeadamente quanto ao abate de árvores.

Aquando do avanço da empreitada, a empresa era liderada por Tiago Braga, que foi entretanto substituído por Emídio Gomes, ex-reitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

No dia do arranque das obras, a Assembleia Municipal do Porto manifestou a sua "profunda indignação" por aquilo que considerou um "inadmissível desrespeito" da administração da Metro pelo avanço da segunda fase do metrobus sem ter atendido aos pedidos feitos pelas forças políticas.

Após não terem recebido qualquer resposta da Metro do Porto e de as obras da segunda fase do metrobus terem avançado, todos os deputados eleitos aprovaram uma moção que propôs manifestar a "indignação" dos eleitos ao conselho de administração da empresa de transportes e lamentar o `timing` do avanço das obras.

Em 30 de setembro, a Metro do Porto garantiu, numa carta enviada ao presidente da AM a que a Lusa teve acesso, que a segunda fase das obras do metrobus só avançou com autorização da Câmara Municipal.

"O início dos trabalhos no terreno obedeceu à devida tramitação de autorização pelos serviços municipais competentes, tendo sido obtida de acordo" com um ofício camarário "em claro cumprimento dos requisitos legais e com evidente conhecimento e aprovação da Câmara Municipal do Porto", pode ler-se na carta enviada a Sebastião Feyo de Azevedo.

No mesmo dia, o ainda presidente da Câmara Rui Moreira vincou que a atribuição de licença para as obras do metrobus "não é um ato político, é um ato prático", pelo que não podia haver nenhum "veto de gaveta".

"A única coisa que a câmara emitiu, e não podia deixar de o fazer, é uma licença de ocupação do espaço público", disse aos jornalistas.

A empreitada levou a candidatura do PSD/CDS-PP/IL, liderada por Pedro Duarte, que foi eleito presidente da Câmara do Porto, a avançar com uma providência cautelar para a travar, por partir "de um lugar de indignação com o arranque das obras e destruição de árvores que marcaram o dia na Avenida da Boavista".

Questionado sobre o facto de o presidente da Metro do Porto, Emídio Gomes, ser seu apoiante e até ter participado numa marcha promovida pela sua candidatura precisamente contra o abate de árvores e a favor da manutenção da ciclovia junto ao Parque da Cidade, Pedro Duarte disse esperar que "ajude a cidade".

Em maio, Pedro Duarte defendeu, numa petição, a elaboração de uma disposição de traçado diferente a poente da Avenida da Boavista, com manutenção da ciclovia e de árvores, alternativa já solicitada pela Câmara do Porto em abril, e que a Metro do Porto garante já estar a ser projetada, poupando o abate de 86 árvores mas que pode prejudicar o tempo de viagem anunciado.

Está previsto que o metrobus ligue a Casa da Música à Praça do Império (em 12 minutos) e à Anémona (em 17), e os veículos do serviço serão autocarros a hidrogénio.

Os veículos já chegaram e a obra da primeira fase está concluída, mas o serviço ainda não está em funcionamento, sendo o canal da Avenida da Boavista atualmente utilizado por utilizadores de modos suaves de mobilidade, como bicicletas e trotinetes.

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