O secretário-geral do PCP criticou hoje o Presidente da República, afirmando que está a fazer uma pressão "completamente desnecessária" para que "haja qualquer coisa aprovada" e considerou que a proposta do IRS Jovem "está destinada" a cair.
Em declarações aos jornalistas à margem de um encontro com a MURPI - Confederação Nacional de Reformados, Pensionistas e Idosos, Paulo Raimundo considerou que o Presidente da República adotou uma posição de "pressão desnecessária" e injustificada sobre a aprovação do Orçamento do Estado para 2025, mas salientou que esta não é uma "situação inédita".
O secretário-geral do PCP sublinhou ainda que, aos comunistas, interessa um orçamento com respostas ao nível, por exemplo, dos "salários, pensões, SNS, habitação, direitos dos pais e das crianças" e que não que seja "aprovada qualquer coisa" só para evitar uma crise política.
"O Orçamento de Estado não vai responder a essas opções, por uma razão simples. É um Orçamento de Estado de um Governo que tem um programa de governo, tem opções de fundo (...). A questão não é essa. A questão é saber quem é que vai pôr a mão por baixo dessa opção política de não responder aos problemas concretos das populações", acrescentou.
Em relação às negociações orçamentais, Raimundo reiterou que vê que entre o Governo e o PS "opções de fundo que são, no fundamental, acompanhadas".
Raimundo considerou que o IRS Jovem "foi construído, concebido e elevado a um patamar para cair", recordando que isto já foi "visto no orçamento passado", em relação ao imposto único de circulação (IUC).
"Andámos todos a discutir o IUC quando estava na cara que o Governo avançou com aquela casca de banana. Já sabíamos que ia cair. O IRS Jovem está destinado a acontecer-lhe isso", disse.
O líder do PCP deixou também questões sobre o conteúdo do próximo orçamento para lá do "grau de gritaria" em torno das negociações, antevendo que o próximo texto orçamental manterá os "benefícios fiscais para os grupos económicos", aumentará a "transferência de recursos públicos do SNS" para o setor privado e garantirá que a "banca continua a fazer o seu grande negócio à custa da especulação com habitação".
"Isto são as letrinhas pequeninas do OE. Nas trocas de galhardetes parece que passam ao lado. O que é fundamental no orçamento é aumento dos salários, aumento das pensões, garantir que se fixam profissionais no SNS, dar resposta ao drama da habitação, pondo a banca a suportar o aumento das taxas de juros e regulando as leis, responder à falta de professores e à falta de lugares na creche e pré-escolar", detalhou.