O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, vangloriou-se hoje pelo aumento das receitas do petróleo e gás no orçamento do seu governo, apesar das sanções ocidentais decretadas devido à intervenção militar russa na Ucrânia.
"Apesar dos problemas que os nossos detratores e invejosos tentam criar-nos, o orçamento está a avançar a um ritmo adequado, as receitas do petróleo e do gás estão a crescer, e o mais satisfatório é que também as receitas não petrolíferas e de gás estão a aumentar", disse Putin numa reunião com o chefe do Serviço Fiscal Federal, Daniil Yegorov.
Tudo isto quando ainda não entrou em vigor o embargo parcial ao petróleo russo - com algumas exceções - na União Europeia (UE), o que afetará 90% do petróleo bruto que chega da Rússia a partir de janeiro de 2023.
Yegorov explicou que o orçamento consolidado da Rússia cresceu 32% no primeiro semestre do ano, algo em que "sem dúvida desempenham um papel importante as receitas do petróleo e do gás e nas condições de mercado" com elevados preços dos hidrocarbonetos.
Na opinião de Putin, tudo isto significa uma "estabilização dos indicadores económicos" da Rússia.
Os preços da energia na Europa subiram desde o inicio da intervenção militar da Rússia na Ucrânia, há seis meses, pelo que Moscovo ganha agora mais 89% do que há um ano para exportar hidrocarbonetos para a União Europeia (UE), apesar de vender um menor volume - menos 15% - de combustíveis.
Isto mesmo depois de Putin ter cortado o gás, total ou parcialmente, a doze Estados-membros e ter reduzido o fluxo de combustível através do gasoduto Nord Stream para a Alemanha para 20% da sua capacidade, alegando "razões técnicas".
O bloco da UE gasta atualmente cerca de 13.916 milhões de euros por mês para comprar carvão, petróleo e gás a Moscovo, em comparação com a média mensal de 7.330 milhões que pagava há um ano, quando os preços já começavam a disparar devido ao aumento da procura mundial com a recuperação económica após a pandemia.
O alto representante para a política externa da União Europeia, Josep Borrell, reconheceu na quarta-feira, em entrevista à agência Efe, que "não é uma boa notícia" que a Rússia esteja a ganhar mais dinheiro com o aumento do preço do gás, mas disse que "o que retira" da venda deste combustível "serve-lhe pouco".
"Toda a tecnologia que precisa para repor as suas perdas materiais, para pilotar os seus aviões, por muito dinheiro que tenha, não pode comprá-la porque não queremos vendê-la", disse então Borrell.