Protecionismo não é resposta aos problemas de hoje, defendeu António Guterres

por Lusa
A China e os Estados Unidos envolveram-se numa disputa comercial, depois de Washington ter divulgado uma lista de importações chinesas às quais era proposto aplicar taxas alfandegárias Pierre Albouy - Reuters

O secretário-geral das Nações Unidas defendeu, numa entrevista a meios de comunicação chineses, que "a resposta aos problemas de hoje não é protecionismo, não é isolacionismo", foi hoje noticiado.

"Acredito firmemente no multilateralismo, como forma de tratar os problemas globais. Não se podem resolver os problemas globais país a país", declarou António Guterres, de acordo com um vídeo da entrevista divulgado pela agência noticiosa oficial chinesa Xinhua.

"Os problemas globais precisam de ter respostas globais e as respostas globais só podem ser implementadas através de estruturas multilaterais", respondeu Guterres, quando questionado sobre o conflito comercial entre a China e os Estados Unidos.

A China e os Estados Unidos envolveram-se numa disputa comercial, depois de Washington ter divulgado uma lista de importações chinesas às quais era proposto aplicar taxas alfandegárias, como resposta à "transferência forçada de tecnologia e propriedade intelectual norte-americana".

Pequim retaliou com a imposição de medidas idênticas a produtos norte-americanos.

"Acredito sinceramente no livre comércio", declarou secretário-geral da ONU, acrescentando que o livre comércio é um contribuinte muito importante para a prosperidade global.

O ex-primeiro-ministro português advertiu, no entanto, que existem "perdedores na globalização, vítimas da globalização, as desigualdades cresceram e muitas pessoas foram deixadas para trás".

De domingo a quarta-feira próximos, o secretário-geral da ONU participa no Fórum Boao, conhecido como o "Davos asiático", na cidade chinesa de Boao, na ilha tropical de Hainan, no extremo sul do país.

Este ano, o tema é "uma Ásia aberta e inovadora para um mundo próspero" e o destaque vai para o processo de reforma e abertura económica adotado pela China há 40 anos, e que permitiu ao país converter-se na segunda maior economia do mundo.

O secretário-geral da ONU deverá reunir-se com Presidente da China, Xi Jinping, que fará o discurso de inauguração.

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