Proposta dos CTT para Acordo de Empresa é "uma vergonha" diz SNTCT
Lisboa, 19 ago (Lusa) - O Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT) considera "uma vergonha" a proposta feita pela administração dos CTT para o novo Acordo de Empresa (AE), disse hoje à Lusa o dirigente sindical Víctor Narciso.
Na semana passada, os CTT - Correios de Portugal denunciaram o AE, tendo enviado uma nova proposta às 12 organizações sindicais representantes dos trabalhadores com vista ao início do processo negocial.
O atual Acordo de Empresa está em vigor desde 27 de abril de 2013 até 27 de outubro deste ano.
A proposta dos CTT, empresa liderada pro Francisco de Lacerda, não inclui aumentos salariais, o regulamento das obras sociais deixa de fazer parte do clausulado, tal como o regulamento disciplinar, apontou Víctor Narciso.
Esta proposta de AE "é uma vergonha", disse o dirigente sindical, adiantando que com este documento "foram quebradas todas as perspetivas de haver confiança na parte da gestão dos CTT".
Sobre o facto de não haver aumentos salariais para o próximo AE, que terá uma duração de 18 meses, Víctor Narciso salienta que após a privatização, em dezembro último, ficaram por aplicar as promoções desde 2010, "que estavam congeladas", tal "como a contagem das diuturnidades".
Além disso, critica, "não há dinheiro para o aumento dos salários, mas há para os Mercedes Classe A que vão para os diretores de zona e para os BMW 535, que vão para os diretores de primeira linha".
Por isso, o dirigente do SNTCT questiona onde está "a gestão criteriosa e responsável" da empresa.
Entre os pontos que o sindicato considera gravosos para os trabalhadores está o facto de "na AE deixar de fazer referência ao regulamento das obras sociais", que tem a ver com o sistema de saúde, ou seja, deixa de estar incluída no clausulado.
Também a situação de doença dos trabalhadores da Caixa Geral de Aposentações (CGA) "deixa de constar da proposta".
A reunião dos trabalhadores deixa de fazer parte do clausulado e a atividade sindical quase desaparece.
O SNTCT tem agora um mês para apresentar uma contraproposta, disse Víctor Narciso.
Segundo os CTT, a proposta de um novo AE visa "a obtenção de um enquadramento convencional que permita uma gestão dos recursos humanos mais eficiente", em especial no que se refere à mobilidade geográfica dos trabalhadores, duração e flexibilização do tempo de trabalho, ajustamento da estrutura retributiva e do enquadramento profissional".
No fim de junho, os CTT contavam com 12.722 trabalhadores, menos 3,3% do que no final de igual semestre de 2013.
Em junho, o Governo aprovou a privatização do capital que ainda detém nos CTT (31,5%), operação que deverá ocorrer através de venda direta institucional como "modalidade autónoma", a realizar via sindicato bancário ou por dispersão direta junto dos investidores.