O primeiro-ministro português realiza esta semana uma visita oficial a Angola com o objetivo de fortalecer as relações políticas, económicas e culturais e tornar mais regulares e intensos os contactos entre os executivos dos dois países.
Na visita, que decorre entre terça e quinta-feira, Luís Montenegro procurará transmitir que o relacionamento com Angola "é um relacionamento de todas as horas", e independente de qualquer ciclo político em ambos os países, segundo o gabinete do primeiro-ministro.
Na deslocação, que passará por Luanda e Benguela, o primeiro-ministro vai estar acompanhado pelos ministros de Estado e das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, e da Economia, Pedro Reis, além do secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Nuno Sampaio (em representação do ministro da tutela, Paulo Rangel, que se encontra no Rio de Janeiro na reunião do G20), e do secretário de Estado do Tesouro e das Finanças, João Silva Lopes.
O convite a Luís Montenegro para visitar Angola surgiu nas primeiras semanas do seu mandato e foi anunciado publicamente pelo Presidente João Lourenço, após um encontro entre os dois na residência oficial do primeiro-ministro, em Lisboa, um dia depois de o chefe de Estado e de Governo de Angola ter participado nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, a convite do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Nessa ocasião, João Lourenço considerou que as relações bilaterais "estão no seu melhor", mas acrescentou: "Embora tenhamos a obrigação de não nos sentirmos nunca satisfeitos. Temos de ser ambiciosos a ponto de querer mais e mais".
Já Luís Montenegro disse então que a intenção do Governo PSD/CDS-PP, que tomou posse em 02 de abril, era "manter este percurso de relação próxima entre governos em muitas áreas, da cultura à educação, às relações económicas", destacando que há já "muitas empresas portuguesas a atuarem em áreas prioritárias, estratégicas em Angola, como o setor agroalimentar, têxtil, farmacêutico, turístico, na construção, nas energias renováveis ou em áreas tecnológicas.
O primeiro-ministro afirmou ainda que o Governo português tem "todo o interesse" em consolidar posições não só a nível bilateral, "mas também multilateral", no quadro da relação de Angola com a União Europeia, no quadro da CPLP, das Nações Unidas e do G20, já que ambos os países foram convidados pelo Brasil como membros observadores este ano.
A visita oficial do primeiro-ministro a Angola terá como ponto alto no primeiro dia precisamente o encontro com João Lourenço, após o qual serão assinados vários instrumentos jurídicos, ainda não divulgados.
A nível económico, o executivo português pretende diversificar as suas relações bilaterais com Angola, e mais de uma centena de empresários portugueses deverá participar na Feira Internacional de Luanda (FILDA), que decorre durante a visita oficial do primeiro-ministro.
Visitas à Escola Portuguesa de Luanda, na terça-feira, e às futuras instalações do Consulado Geral em Benguela, na quinta, são um sinal da prioridade que o executivo pretende dar a temas como a educação ou a mobilidade.
Em junho, o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, disse em Luanda que Portugal quer agilizar o processamento dos vistos, enviando 45 especialistas para postos consulares identificados como prioritários, e salientou que o número de vistos concedidos por Portugal a cidadãos angolanos aumentou 43%, passando de 42 mil para 57 mil, em 2023.
Nessa ocasião, o ministro foi questionado sobre o tema das reparações de Portugal a ex-colónias, afirmando que o que está em causa é criar uma boa relação e sarar as feridas da história, "que existem sempre", promovendo a reconciliação e aproveitar os erros do passado de forma pedagógica.
Quando esteve em Lisboa para participar na sessão comemorativa do 50.º aniversário do 25 de Abril de 1974, o Presidente de Angola defendeu que o desafio que as ex-colónias têm atualmente é "o da consolidação da democracia, da diversificação e fortalecimento" das suas economias.
"Soubemos vencer e superar o desafio da nossa existência como nações livres e soberanas, estabelecer a paz e a reconciliação entre nós, estando hoje empenhados no desenvolvimento económico e social dos nossos países", afirmou João Lourenço.