Mário Centeno afirma que a prioridade como presidente do Eurogrupo é fortalecer o investimento no euro e devolver a confiança. O ministro português das Finanças esteve esta quarta-feira reunido com o homólogo alemão. Foi a primeira visita oficial a Berlim à frente do bloco ministerial dos países da moeda única.
Na ótica do presidente do Eurogrupo, para atingir esses objetivos “temos de trabalhar muito. Temos de implementar a união dos mercados de capitais. Completar a união bancária é um dos objetivos principais”.Na próxima segunda-feira Mário Centeno dirige pela primeira vez uma reunião do Eurogrupo em Bruxelas.
“No lado orçamental, devemos tornar as regras orçamentais mais transparentes e compreensíveis para todos os cidadãos. Devemos avaliar opções para a capacidade orçamental que possam ajudar-nos a absorver choques sem criar perigo moral. Mas não precisamos de grandes máquinas. Não podemos criar uma união de transferências”, acrescentou.
“A minha ideia é que ninguém quer isso”, rematou.
Na conferência de imprensa conjunta, Mário Centeno apontou Portugal como um case study e insistiu que a “solidariedade e a estabilidade devem estar de mãos dadas na zona euro”.
Centeno recordou que se conseguiu “tirar a zona euro da crise graças à forte redução de riscos” e mencionou Portugal como “exemplo de sucesso”.
“Temos muitos exemplos de sucesso. Portugal é um dos mais importantes case study na Europa nestes dias”, frisou.
O ministro das Finanças português considera que “é preciso fazer mais” e que “há pacotes em discussão na Comissão Europeia, no Conselho e no Eurogrupo para reforçar o nível de redução de risco nos países do euro”.
“Pessoalmente, prefiro a palavra ‘gestão’ de risco porque se baseia numa visão mais sistémica de todo este processo. Estamos numa união monetária, isto implica responsabilidades e temos de partilhar o nosso futuro comum e temos de ser muito mais ativos nisso. Por isso, precisamos de gerir ativamente os riscos que existem nas nossas economias e essa é a agenda para os próximos meses”, realçou.
Altmaier apoia Centeno
O ministro alemão das Finanças, Peter Altmaier, deixou palavras de apoio ao ministro português e elegeu Portugal “como uma história de sucesso”, considerando que a eleição de Centeno para a “presidência do Eurogrupo produzirá efeitos positivos”.
O ministro alemão recordou que a Alemanha apoio a candidatura de Mário Centeno, desde logo por “Portugal ter ultrapassado as suas dificuldades através de reformas estruturais e da implementação de medidas dolorosas, que levaram a que o país regressa-se para o caminho do crescimento”.
“Pode contar com o apoio da Alemanha. Por outro lado, estamos convictos que as suas propostas irão na direção certa para melhorar todos”.
Altmaier frisa que Centeno “tem tudo o que é preciso” para liderar o Eurogrupo, nomeadamente “competências económicas”, mas também “é uma pessoa capaz de construir pontes, encontrar compromissos e agir num espírito de confiança e cooperação”.
Peter Altmaier, que sucedeu a Wolfgang Schäuble na pasta das Finanças, deixou a garantia de que a Alemanha “se vai manter fiel aos seus princípios”.
"Já disse a todos os meus colegas no Eurogrupo, em novembro, que como ministro das Finanças interino sinto-me totalmente comprometido com a linha política alemã que foi apresentada e defendida por Wolfgang Schäuble durante tantos anos. Há uma continuidade, mas isso não exclui que todos sintamos que a Europa tem de avançar e temos de conseguir mais resultados, mas na base dos princípios que sempre defendemos", avisou.
Sobre o futuro da União Bancária e à discussão sobre o futuro esquema de garantia de depósitos europeus, Altmaier frisou que “primeiro temos de reduzir os riscos antes de serem repartidos. Portanto, do nosso ponto de vista e da perspetiva de hoje, não pode existir uma data fixa”.
Para Altmaier, “nunca foi operacional que o sistema europeu de seguro de depósitos estivesse pronto no meio deste ano, porque antes é preciso um acordo sobre a redução do risco”.
“Nas duas últimas reuniões do Eurogrupo, concordamos em chagar a um entendimento comum nas próximas semanas sobre o que queremos dizer com a redução do risco e quais as etapas necessárias para isso”, frisou.
Segundo Altmaier, “a Alemanha quer uma zona euro estável numa Europa forte. Por isso temos de nos agarrar aos nossos princípios que são a solidariedade e a estabilidade, que têm de estar de mãos dadas, q responsabilidade e o controlo têm de ser mantidas juntas. É por isso que temos de completar a União Bancária e também temos de falar sobre como reduzir riscos”.
O ministro alemão das Finanças considera que foi “um erro” dividir o norte e o sul da Europa e frisa que a “questão é se há ou não sucesso nas políticas”.
“A questão não é do norte ou sul, ricos ou pobres, a questão é bem-sucedidos ou não, competitivos ou não. É do interesse de todos na Europa encorajar a produção e a prosperidade na zona euro. A prosperidade constrói-se só quando se é competitivo, quando se pode criar emprego, ter oportunidades de emprego para os jovens e é algo com que a Alemanha está totalmente comprometida”, frisou.