Presidente da idD Defence afasta polémicas e diz que quadros nas indústrias da Defesa "não abundam"
O presidente da idD Portugal Defence, Marco Capitão Ferreira, afastou hoje as polémicas relativas a algumas nomeações para empresas na área das indústrias da Defesa, apontando que os quadros neste setor "não abundam".
Marco Capitão Ferreira foi ouvido hoje na comissão parlamentar de Defesa Nacional, na Assembleia da República, sendo que um dos temas que suscitou esta audição, requerida pelo PSD, foram notícias sobre nomeações e contratações no setor.
Os deputados questionaram por várias vezes o presidente da idD Portugal Defence sobre o tema, nomeadamente sobre a situação do ex-presidente do Alfeite José Miguel Fernandes, avançada a 07 de outubro pela TSF - que se demitiu do cargo em janeiro alegando então "motivos pessoais" e depois contratado para assessorar a idD.
A situação de Alberto Coelho, que foi substituído no cargo de diretor-geral de Recursos da Defesa Nacional e meses depois nomeado para presidente do conselho de administração da EMPORDEF - Tecnologias de Informação também foi levantada na audição.
"O recrutamento de quadros na área das indústrias de Defesa é uma tarefa extraordinariamente difícil porque não abundam tanto quanto isso", respondeu Marco Capitão Ferreira.
Segundo o presidente, "não é de hoje e não deixará de ser amanhã verdade que há quadros que vêm para a indústria de Defesa de uma experiência em órgãos de gestão ou como técnicos no Ministério da Defesa Nacional ou nas Forças Armadas".
"Estranho seria se os fôssemos recrutar ao cluster ferroviário", ironizou, acrescentando que é "imprescindível" que se possa contar com "pessoas que à partida conhecem o setor porque elas mais depressa acrescentam valor".
Questionado diretamente pelo PSD sobre a situação de Alberto Coelho, Marco Capitão Ferreira disse apenas que "o estatuto de gestor público claramente diz que quando se trata de nomeação de administrações, havendo ou não havendo uma sociedade pública que é uma `holding`, essas nomeações são da competência da tutela setorial [Defesa] e financeira devidamente articuladas".
Já quanto ao recrutamento para o quadro de pessoal da idD, o responsável apontou que a reestruturação da empresa alargou as suas competências e que os recrutamentos "têm regras que são cumpridas".
"(...) abrimos mais de uma dezena de concursos, recebemos mais de uma centena de candidaturas, há um procedimento interno que implica a análise por pelo menos duas pessoas, normalmente o diretor da área para a qual se está a fazer a contratação e o administrador que tem esse pelouro e que depois é analisado no plenário, no conjunto do órgão colegial da administração. Estas vagas são publicadas naturalmente no site da idD e é consultada como sempre a bolsa de emprego público", detalhou.
Noutro momento da audição, referindo-se ao ex-presidente do Alfeite José Miguel Fernandes, o responsável referiu que este é "um alto quadro da administração pública à vontade há 20 anos" e que o "saber acumulado do doutor Fernandes quanto à economia de Defesa como um todo é um dado objetivo e não outra coisa".
Na ronda de intervenções, João Vasconcelos, do BE, chegou a dizer que existem pessoas no setor que "saltitam de umas empresas para as outras" e Carlos Reis, do PSD, disse não estar em causa a competência dos envolvidos mas que estas situações causavam "estranheza".
Pelo PS, o deputado Luís Reis disse que o partido não se revê numa "política de casos" e considerou "natural" que a empresa necessite de "quadros qualificados".