Lisboa, 14 set (Lusa) - O presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), António Saraiva, considerou hoje que o Orçamento de Estado é uma questão de escolhas, que devem ser feitas corretamente, para colocar Portugal na rota do crescimento económico.
"Estamos, de novo, perante um Orçamento de Estado que é uma questão de escolhas, que têm que ser feitas corretamente", pois é necessário "colocar o país na rota do crescimento económico, assente na promoção do investimento e aumento das exportações", referiu hoje durante o debate "O Crescimento baseado na Competitividade Empresarial", organizado pelo International Club of Portugal, em Lisboa.
No entanto, o dirigente patronal disse que "não podemos deixar de estar gratos com os indicadores macroeconómicos que registamos", provocados por um conjunto de fatores internos e externos, "que têm permitido que o país progrida" mas, acrescenta, que "aquilo com que nos devemos preocupar é com a sustentabilidade desses indicadores".
Quanto às 14 propostas que a CIP apresentou para o Orçamento de Estado 2018, António Saraiva disse à Lusa, que a Confederação está expectante "que o conjunto de propostas tenham recetividade por parte do Governo" e adianta que "algumas estão aceites [as que resultam do programa `Capitalizar`] e outras estão a ser analisadas".
Na sua intervenção, referiu que o país ultrapassou uma "austeridade um pouco exagerada", mas está ainda "num quadro que nos deve preocupar", uma vez que "é necessário dar às famílias melhores rendimentos, sem que isso provoque um desequilíbrio nas contas".
O presidente da CIP criticou também o desvio de verbas da formação, que todos os Governos têm feito, de modo a financiar o Ministério da Educação.
"Os empresários estão cansados de assistir a este desvio de verbas e à confusão que, invariavelmente, todos os Governos têm feito sobre formação profissional e educação" pois, quando constatamos, "que das verbas do Fundo Social Europeu, apenas 25% de um programa e 19% de outro são utilizados pela parte privada e a parte pública tem 81% num caso e 75% noutro, há aqui, de facto, um aproveitamento que lamentamos e condenamos".
Questionado sobre o fim da paz social na Autoeuropa, António Saraiva disse à Lusa tratar-se apenas de um episódio que não tem significado e acrescenta que está confiante que os trabalhadores vão encontrar uma solução que permita acautelar os empregos e criar novos postos.
"Não diria que houve uma quebra ou uma interrupção, houve um episódio que vale o que vale e eu estou confiante que a paz social manter-se-á na Autoeuropa e que os trabalhadores vão encontrar o caminho, para manter a empresa num ritmo de crescimento e captação de novos modelos, acautelando os empregos que já lá estão e os dois mil que se esperam vir a ser criados", concluiu.