Os preços dos imóveis na China caíram pelo 17.º mês consecutivo em outubro, embora a um ritmo mais lento do que em setembro, face às medidas governamentais de apoio ao setor, em crise prolongada.
Os preços em 70 cidades selecionadas caíram 0,51% em relação ao mês anterior, de acordo com cálculos que têm como base os números divulgados pelo Gabinete Nacional de Estatística (GNE) chinês. Em setembro, a queda foi de 0,71%.
Entre as localidades mencionadas, 63 registaram descidas nos preços das casas, em comparação com 66 em setembro, e apenas sete, Taiyuan, Shenyang, Xangai, Xiamen, Shenzhen, Pingdingshan e Guilin, registaram aumentos.
Os cálculos efetuados com base nos dados do GNE refletem igualmente uma redução de 0,48% do preço das casas em segunda mão em outubro, depois de ter diminuído 0,93% no mês anterior.
No caso deste tipo de imóveis, 59 das 70 cidades registaram descidas, três mantiveram-se no mesmo nível que em setembro e oito registaram subidas.
A instituição também anunciou os dados sobre o investimento em promoção imobiliária entre janeiro e outubro, mostrando uma queda de 10,3%, uma descida de 0,2% mais profunda do que a registada nos três primeiros trimestres.
O GNE indicou também que as vendas de propriedades comerciais medidas por área de terreno caíram 15,8% em outubro. Embora se trate de uma queda significativa, também reflete uma tendência de recuperação: as duas leituras anteriores tinham sido de 18% e 17,1%.
Nas últimas semanas, as autoridades chinesas continuaram a anunciar medidas para travar a queda do mercado imobiliário, uma questão que preocupa Pequim devido às implicações para a estabilidade social, uma vez que a habitação é um dos principais veículos de investimento das famílias chinesas.
Em meados do mês passado, o Ministério da Habitação chinês garantiu que o setor já tinha "atingido o fundo do poço" e avançou com a expansão do programa de financiamento de projetos imobiliários, que atingirá o equivalente a cerca de 562 mil milhões de dólares (533 mil milhões de euros) até ao final deste ano, oferecendo maior acesso ao crédito para os promotores concluírem as obras em curso.
O Governo chinês também deu instruções às autoridades locais para utilizarem fundos especiais para adquirir terrenos e propriedades não vendidas, com o objetivo de converter estas últimas em habitações a preços acessíveis. E, esta semana, anunciou novas medidas, como um desconto no imposto sobre a venda de casas e uma isenção de IVA (imposto sobre valor acrescentado) na venda de casas com mais de dois anos.
Em maio, as autoridades já tinham lançado um vasto pacote de medidas para tentar reanimar o setor, com milhares de milhões de dólares em empréstimos para projetos de habitação subsidiada ou a redução das entradas exigidas para a compra de casas, aumentando também o número de pessoas que podem ser consideradas compradores de primeira habitação.
Desde então, muitas cidades anunciaram também medidas para facilitar a compra de casa, incluindo algumas das maiores cidades do país, como Pequim, Xangai, Shenzhen e Cantão.
Uma das principais causas do recente abrandamento da economia chinesa é precisamente a crise do setor imobiliário, cujo peso no produto interno bruto do país - somando fatores indiretos - é estimado em cerca de 30%, segundo alguns analistas.