PR timorense sem grandes expectativas sobre financiamento

por Lusa

O Presidente de Timor-Leste afirmou hoje que a Conferência das Partes da Convenção-Quadro da ONU (COP) sobre Alterações Climáticas, que decorre no Azerbaijão, não deverá ser muito diferentes das restantes em relação ao financiamento.

"Não me parece que vá ser muito diferente da COP 28 e de outras COP. Aprovam-se decisões, acordos ou tratados, depois assumem-se compromissos e de uma maneira geral não resulta em financiamento", afirmou à Lusa José Ramos-Horta, quando questionado sobre quais as expectativas para a COP29.

A COP 29, que começou na segunda-feira em Baku, vai decorrer até ao próximo dia 22 e tem como um dos principais objetivos determinar o financiamento para a ação climática.

Timor-Leste fez-se representar na COP 29 pelo embaixador para as Alterações Climáticas, Adão Soares Barbosa.

O Presidente timorense disse que há apelos respondidos com promessas de apoio financeiro, mas há morosidade no estabelecimento dos mecanismos dos financeiros.

Para José Ramos-Horta, as alterações climáticas afetam também os países ricos, dando como exemplo as recentes inundações em Espanha, que provocaram mais de 200 mortos.

"Por isso mesmo torna-se cada vez mais difícil para os próprios países ricos desembolsarem dinheiro", salientou.

"A solução melhor é que cada um de nós, nos nossos países, com os meios que temos, que replantemos, ressuscitemos, o que nós próprios destruímos. Nós e tantos outros países pelo mundo fora", sugeriu o também prémio Nobel da Paz.

Ao afirmar que no caso de Timor-Leste não são os estrangeiros que cortam árvores ou deitam lixo e plástico nas ruas, o Presidente defendeu que é preciso cada um assumir a sua responsabilidade.

"Não foram governos estrangeiros que autorizaram plástico a vir para Timor. Nós é que autorizamos. A responsabilidade é nossa também. O que devemos fazer é mobilizarmo-nos para replantar árvores, limpar rios, praias e mares", insistiu José Ramos-Horta.

"Se a comunidade internacional quer o jogo de apontar o dedo uns aos outros podem continuar, mas não vai resolver o problema. O problema vai ser resolvido quando cada um de nós fizer tudo o que pode fazer com os seus recursos para plantar árvores, limpar rios e mares", acrescentou. 

O Presidente timorense falava à Lusa à margem da inauguração do festival de plantas, comida e arte, denominado "Vai Verde, Compra Local", que vai decorrer na Presidência timorense até sábado, para promover o empreendedorismo das mulheres timorenses e a sustentabilidade ambiental.

Tópicos
PUB