
A procura dos Planos de Poupança Reforma (PPR) subiu 43 por cento nos primeiros seis meses deste ano. O valor das reformas e a fuga aos investimentos mais arriscados podem constituir uma explicação para esta tendência.
Seixas Vale, presidente da Associação Portuguesa de Aforradores, explicou à RTP que “neste momento, as pessoas têm alguma aversão a aplicar as suas poupanças em activos que possam ter níveis elevados de risco”, em virtude da conjuntura interna e externa desfavorável.
O novo cenário internacional explica também a mudança do perfil do aforrador. São cada vez mais novos, aqueles que procuram os PPR. Os clientes típicos das seguradoras têm, agora, cerca de 30 anos.
Quem começar a descontar, com 30 anos, 50 euros por mês poderá receber mais de 40 mil euros líquidos ao atingir a idade de reforma.
O presidente da Associação Portuguesa de Aforradores considera “natural que haja uma procura maior de PPR, como se nota também nos depósitos a prazo”. No último, os depósitos a prazo subiram 12 mil milhões de euros, também muito por causa dos incentivos dos bancos que querem captar recursos.
A crise financeira levou a uma desvalorização dos fundos de investimento mobiliário, que perderam desde Junho de 2007 quase nove mil milhões de euros, refere o “Diário de Notícias” na edição desta sexta-feira.
A redução das remunerações dos certificados de aforro pelo Governo levou ao levantamento de mais de 700 milhões de euros desde Janeiro. Cerca de 25 mil portugueses saíram desta poupança, desde o início do ano, apesar das taxas de juro recorde dos certificados de aforro.
“Há um aumento significativo das entregas, também há um aumento de resgates. Mas o saldo líquido é extraordinariamente positivo”, resume o representantes dos seguradores.
Ao “Diário de Notícias”, o director da “Proteste/Dinheiro” refere que a o recurso a depósitos a prazo poderá ter consequências negativas. “Ao apostar mais no curto prazo, as pessoas estão a abdicar de um rendimento que é historicamente superior nas acções, dando preferência à segurança”.
Em declarações à RTP, Silva Lopes recomenda que o mais importante é poupar. “Quando nós não poupamos precisamos da poupança dos outros, mas a gente espera que os outros vão emprestar dinheiro toda a vida?”, questiona o antigo ministro das Finanças.
“Neste momento, cinco por cento do que produzimos já é para pagar juros aos outros”, lembra o economista.