Portugal poderá beneficiar de necessidade de internacionalização das empresas espanholas
Porto, 16 Mai (Lusa) - O presidente do Círculo Imobiliário de Madrid defendeu hoje que a crise imobiliária espanhola poderá ter um efeito positivo em Portugal, dada a necessidade de internacionalização e diversificação das empresas locais num contexto de retracção do seu mercado interno.
"Estando o sector residencial espanhol tão parado, as empresas têm necessidade de continuar a crescer e têm apostado muito na internacionalização e na diversificação", afirmou Ángel Moreno Olivares, acrescentando que "todas as grandes imobiliárias espanholas já estão ou vão estar em Portugal, tal como já estão nos países de leste, no México, Equador".
Para o presidente do Círculo Imobiliário de Madrid, fórum de debate do sector que reúne numerosos empresários espanhóis, Portugal será mesmo, "a médio prazo, um mercado muito atractivo para os espanhóis", sobretudo depois de completadas infra-estruturas importantes como a rede de auto-estradas e a alta velocidade.
"É um mercado emergente que, para nós, é muito atractivo a médio prazo", sustentou o empresário em declarações à agência Lusa, à margem de uma visita ao concelho de Gaia.
A sentir-se em Portugal algum impacto negativo da retracção imobiliária espanhola, Ángel Moreno Olivares acredita que será no segmento de segunda habitação, e não tanto nos negócios de primeira residência, pois "aqui há ainda muito por fazer" no país.
Questionado pela Lusa sobre a estratégia do executivo espanhol para tentar travar a crise imobiliária em Espanha, o empresário considerou que a aposta feita no investimento público é "o caminho correcto".
"O anterior Governo não reconhecia a desaceleração do sector, mas [o ministro da Economia e vice primeiro-ministro] Pedro Solbes está a tentar ultrapassar a situação fazendo um grande investimento em obras públicas e na habitação social, só possível devido ao grande superavit das contas públicas", afirmou Ángel Moreno Olivares.
Segundo o presidente do Círculo Imobiliário de Madrid, esta estratégia, apoiada pelas grandes construtoras espanholas - "que, através de concessões a longo prazo, promoverão a construção de obras públicas como hospitais, centros educacionais e infra-estruturas energéticas" - surge como a melhor forma de abordar a situação do sector em Espanha.
"Não sei se será suficiente, mas julgo que é o apropriado neste momento, enquanto a crise de liquidez económica se mantiver", acrescentou.
Questionado sobre quando poderá terminar esta crise, Ángel Moreno Olivares previu que demore ainda "dois ou três anos até que a oferta residencial em excesso seja absorvida pelo mercado".
A contrastar com a forte retracção do segmento residencial, o empresário destacou a "evolução bastante boa" dos segmentos empresarial, dos centros comerciais e de naves industriais.
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