Portugal junta-se à Aliança. Montenegro elogia Lula da Silva pela sua ação contra a fome no mundo
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O primeiro-ministro português está a participar na Cimeira do G20 como país convidado. Esta tarde, a partir do Rio de Janeiro, Luís Montenegro deixou uma forte saudação ao presidente brasileiro pela ação contra a fome, em particular o lançamento na reunião do Rio da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.
Luís Montenegro foi interpelado por vários jornalistas que lhe colocaram questões internas e de cariz internacional, sendo um dos pontos relativos à taxação dos super-ricos. O primeiro-ministro manifestou abertura para esse debate, mas admitiu que nem Portugal nem o G20 estão "ainda em condições de assumir uma decisão" sobre essa matéria.
O primeiro-ministro disse que está subjacente à ideia deste novo imposto "uma maior solidariedade entre aqueles que têm mais recursos com aqueles que têm menos recursos".
"E esse princípio, eu creio que é um princípio universal daqueles que se preocupam com a dignidade das pessoas, daqueles que se preocupam com a resolução efetiva dos problemas efetivos e concretos que muitos milhões de pessoas têm no mundo, quando estão confrontadas com uma inacessibilidade àquilo que é mais básico nas suas vidas", disse.
O Governo brasileiro já tinha reconhecido hoje as dificuldades em fazer avançar na cimeira do G20 a criação de um imposto global para os super-ricos devido à objeção de alguns chefes de Estado.
Num evento à margem da cimeira do G20, a ministra do Ambiente, Marina Silva admitiu que "alguns líderes" apresentam objeções "a questões ligadas à agenda de clima, à agenda de financiamento, sobretudo à questão de taxação de super-ricos".
Sem consenso entre os ministros das Finanças, a criação do imposto depende agora de uma decisão política dos chefes de Estado, mas o acordo é difícil perante a resistência de países como os Estados Unidos e a Alemanha.
Entre os países que já declararam o seu apoio estão França, Espanha e África do Sul, que assumirá a presidência temporária do fórum na próxima semana, no lugar do Brasil.
Portugal, por exemplo, ainda não se comprometeu com uma decisão.
"O imposto para os super-ricos é algo que merece estudo e consideração, ao qual estamos abertos", tinha afirmado o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, em julho, aos jornalistas, à saída de uma reunião do G20.
Ainda assim, ressalvou o ministro português, "não estão totalmente definidos os seus contornos".
A Argentina tem sido um dos principais obstáculos para que uma declaração conjunta seja uma realidade. A Argentina, de facto, retirou-se pouco depois do início da cimeira do clima COP29, em Baku, e também não assinou uma declaração ministerial sobre o empoderamento das mulheres no G20, em outubro.
De acordo com um estudo encomendado pelo Brasil, se os cerca de 3.300 bilionários do mundo pagassem o equivalente a 2% da sua riqueza em impostos, poderiam ser arrecadados anualmente entre 200 e 250 mil milhões de dólares.
Os líderes do grupo do G20 e países convidados, entre os quais Portugal, debatem esta segunda-feira no Rio de Janeiro a entrada numa aliança global contra a fome e reformas nos organismos internacionais.
c/ Lusa