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Portugal deve manter "ótima" relação que tem com os EUA, "arranjar amigos novos é política de loucura"

por Antena1

Foto: Antena1

O presidente do Fórum da Competitividade, Pedro Ferraz da Costa, aconselha Portugal a manter a sua "ótima" ligação aos Estados Unidos, independentemente da posição da União Europeia e a não "discutir cenários fantásticos de que vamos ser a porta de entrada da China".

Em entrevista à Antena1 e ao Jornal de Negócios, Pedro Ferraz da Costa defende a ligação de Portugal com os Estados Unidos e considera-a fundamental no novo contexto geopolítico que ganha força com a vitória de Donald Trump nos EUA.

Ferraz da Costa considera que a aproximação à China, "criar uns amigos novos", seria uma "política de loucura". Não sabe se essa será a tendência do atual governo, mas lembra que a direita tradicional portuguesa é "bastante antiamericana".

Ferraz da Costa não acredita que haja dificuldades na Europa decorrentes da vitória de Trump nos EUA, nem mesmo em relação às exportações e a um eventual aumento das taxas alfandegárias. Mas reconhece que vai obrigar a UE a deixar de ser "o campeão da regulamentação" e a tomar decisões que tem vindo a adiar, como dar mais relevância à inovação.

Adianta que a Europa tem ainda uma outra fragilidade, que é recorrer muito pouco ao mercado de capitais por comparação com os EUA. Ferraz da Costa considera que é muito difícil ter uma visão otimista do ambiente económico europeu a médio prazo. Para esse facto contribui a situação na Alemanha sendo certo que, segundo o antigo presidente da CIP, se a UE "persistir em viver em guerra aberta com o sector, a Alemanha não vai sair da situação em que está". Para que isso não aconteça, é necessário ter uma política de descarbonização mais racional.

Sem paz política não se fazem mudanças e economia não cresce

Em relação a Portugal e aos impactos das alterações geopolíticas que estão a acontecer, Pedro Ferraz da Costa considera que se existirem grandes mudanças vamos ter dificuldades de adaptação e "deve ser quase impossível" conseguir ter uma taxa de crescimento de 2 por cento em 2025 e nos anos seguintes.

Lamenta que não haja um entendimento político entre PS e PSD para o futuro como já foi possível no passado e considera que Portugal devia "ter uma atitude mais radical na mudança”, mas adianta que isso não é possível porque "não há paz política em Portugal para fazer mudanças". Sobre o chamado pacotão para a economia considera que está em gestação e espera que não se venha a chegar à conclusão que afinal era "grande de mais" e que devia ter sido mais focado.

Conselho para empresas insatisfeitas: gritem mais alto

Lamenta também que não haja mais investimento na área da Defesa, sobretudo numa altura em que "vamos entrar num mundo que vai atribuir mais recursos à defesa". Ferraz da Costa considera que as empresas deviam ter mais condições para investir, mas adianta que "quando mais de metade do sistema político português gostava de viver em socialismo não é possível ter progresso ao mesmo tempo". O presidente do Fórum da Competitividade diz às empresas que "gritem mais alto quando estiverem insatisfeitas". Lembra que numa democracia os grupos que não se manifestam são trucidados.

Em relação ao IRS Jovem diz que a medida é também uma forma de levar os jovens a votarem e quanto ao IRC não acredita que possa melhorar em relação ao que foi acordado, porque "o PS tem um espírito anti empresarial" e a "convicção do PSD também não é muito forte".

Entrevista conduzida por Rosário Lira (Antena1) e Maria Caetano (Jornal de Negócios).

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