Portugal com excedente orçamental histórico de 1,2% em 2023

por RTP
Lusa

Portugal registou um excedente orçamental histórico de 1,2% no ano passado, que supera a previsão oficial de 0,8% do Ministério das Finanças, revelam dados divulgados hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

É o maior excedente registado em democracia.

O resultado traduz uma melhoria das contas públicas face ao défice de 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB) registado em 2022.

O excedente de 2023 supera o de 2019 (0,1%), ano em que o antigo ministro das Finanças Mário Centeno entrou para a história económica do país como o primeiro governante no Terreiro do Paço a conquistar um saldo orçamental positivo desde 1974.

“Entre 2022 e 2023, a receita total das Administrações Públicas aumentou 9,0% (mais 9,5 mil milhões de euros), em grande medida impulsionada pelo aumento da receita corrente (8,1%, mais 8,5 mil milhões de euros)”, refere o INE.

O resultado superou a previsão de 0,8% do PIB inscrita no Orçamento do Estado para 2024 "em larga medida", enaltece o Ministérios das Finanças em comunicado. De acordo com o executivo, isso deve-se a um melhor desempenho da economia, do emprego, e dos salários "o que permitiu um aumento da receita contributiva e fiscal superior ao previsto em 1.135 milhões de euros". A execucação da despesa ficou 438 milhões de euros abaixo do estimado, refere o gabinete liderado por Fernando Medina.

Medina considerou que são "excelentes notícias para o país" e que o saldo positivo aumenta a proteção perante a instabilidade e incerteza internacionais, alargando as opções de políticas públicas ao dispor dos portugueses.

"Este desempenho resulta do crescimento económico mais elevado, de mais emprego e de maiores crescimentos salariais do que o previsto", realçou o Ministério das Finanças, apontando que o excedente "permitiu reforçar a sustentabilidade da Segurança Social e reduzir a dívida pública para 99,1%, abaixo do limiar dos 100% do PIB".
Medina aponta exemplos de boa gestão
Como exemplos de boa gestão orçamental, o ministério salientou as medidas de controlo de inflação e apoio aos rendimentos em 2022 e 2023, os acordos de rendimentos com o setor privado e a administração pública, a criação de um prémio salarial para licenciados, o alargamento das creches gratuitas e a redução de IRS.

“A capacidade de resposta evidenciada perante as dificuldades da pandemia e da crise inflacionista confirma que é fundamental que Portugal mantenha políticas que assegurem o equilíbrio orçamental e a redução da dívida pública”, destacou o ministério liderado por Fernando Medina, defendendo que “só esse caminho” vai permitir “apoiar as famílias e a economia em momentos de crise e preservar e continuar a reforçar a credibilidade externa do país”.

Apesar de ter efeitos positivos na execução de 2024, o ministério alertou que o excedente não reduz as pressões orçamentais que vão condicionar as decisões futuras, como os efeitos desfasados da crise inflacionista sobre pensões e salários, as atualizações de pensões pela aplicação de fórmulas legais que vão exigir mais de 1,5 milhões de euros em despesa em 2025 e os aumentos salariais previstos no acordo de rendimentos, que vão também exigir um valor superior a 1.000 milhões de euros ao orçamento.

Segundo os dados divulgados hoje pelo INE, a capacidade de financiamento do Estado em 2023 melhorou para 3,19 mil milhões de euros de euros, o que traduz uma melhoria das contas públicas face ao défice de 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB) registado em 2022.

O excedente do ano passado supera o de 2019 (0,1%), ano em que o antigo ministro das Finanças Mário Centeno entrou para a história económica do país como o primeiro governante no Terreiro do Paço a conquistar um saldo orçamental positivo desde 1974.

A evolução, em contas nacionais, representa uma melhoria de 3.973 milhões de euros entre 2022 e 2023, resultado de um aumento na receita (9%) mais significativo do que o observado para a despesa (5,2%).

Os dados do INE revelam ainda que o saldo primário, correspondente ao saldo global líquido da despesa em juros, foi positivo, tal como em 2022, tendo melhorado cinco mil milhões de euros, para 8.945 milhões de euros.



c/Lusa
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