Por "uma praça limpa". Procuradoria helvética investiga fusão entre UBS e Credit Suisse

por Carlos Santos Neves - RTP
“O Ministério Público da Confederação quer cumprir proactivamente o seu mandato e a sua responsabilidade de contribuir para uma praça financeira suíça limpa” Denis Balibouse - Reuters

O processo de fusão entre a UBS, maior instituição bancária da Suíça e terceira maior da Europa, e o Credit Suisse está a ser investigado, confirmou este domingo a Procuradoria Federal helvética. As autoridades querem perceber se as ações de responsáveis políticos, entidades de regulação e executivos de ambos os bancos atropelaram as leis do país.

O Ministério Público suíço indica, em nota citada pela France Presse, que determinou a abertura de um inquérito depois de ter feito “um ponto de situação com o conjunto dos serviços internos” e procedido a “contactos com as autoridades nacionais e cantonais”.

“O Ministério Público da Confederação quer cumprir proactivamente o seu mandato e a sua responsabilidade de contribuir para uma praça financeira suíça limpa”, acrescenta a Procuradoria Federal, para assinalar, adiante, que implementou “um sistema de vigilância que permite intervir imediatamente em caso de problema relevante no seu domínio de responsabilidade”.

Os investigadores suíços vão agora “analisar e identificar quaisquer infrações penais que possam relevar da competência” da Procuradoria. “Nesse quadro, diferentes instâncias internas e externas foram mandatadas ou contactadas com o objetivo de esclarecer e reunir informações”, completa o gabinete do procurador-geral suíço, Stefan Blättler.
Credit Suisse, do colapso iminente ao resgate
Ao longo do fim de semana de 18 e 19 de março, o gigante da banca europeia UBS viu-se impelido, por parte das entidades regulatórias suíças e do próprio Governo federal, a adquirir – na prática, a resgatar – o histórico rival Credit Suisse. O segundo maior banco helvético estava em risco de colapsar.Em 2022, o Credit Suisse acumulou perdas superiores a sete mil milhões de francos suíços.


Na semana anterior, a tensão nos mercados revelara-se imune à injeção de 50 mil milhões de francos suíços – o equivalente a 50,3 mil milhões de euros - aplicada ao Credit Suisse pelo banco central do país. Nas bolsas, vivia-se ainda a agitação gerada pelo abalo do sistema bancário dos Estados Unidos, nomeadamente a queda do Silicon Valley Bank.

Após negociações realizadas sob apertado secretismo, a UBS acabaria por anuir à compra do Credit Suisse por três mil milhões de francos suíços, mediante garantias financeiras da Confederação e do banco central, para o caso de as contas do rival revelarem problemas inesperados.

Críticos desta fusão – oficialmente descrita como veículo de estabilização do sistema financeiro internacional – têm manifestado preocupações, como observa a agência Reuters, com a futura dimensão da UBS: um colosso com mais de 120 mil trabalhadores à escala global.

A coberto do anonimato, um alto responsável da UBS adiantou já na imprensa suíça que este dossier pode acarretar o despedimento de até 30 por cento do corpo laboral.

c/ agências
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