Joe Berardo detido em processo de suspeitas de administração danosa, burla qualificada, fraude fiscal e branqueamento

por RTP
Lusa (arquivo)

O juiz Carlos Alexandre emitiu um mandado de detenção para Joe Berardo por suspeita de fraude à Caixa Geral de Depósitos. O empresário foi entretanto detido, tal como um advogado. Foram desencadeadas esta terça-feira cerca de meia centena de buscas. Em causa está um esquema de um "grupo económico" que "causou um prejuízo de quase mil milhões de Euros à CGD, ao Novo Banco e ao BCP", refere a Judiciária.

A operação ocorreu em Lisboa, Funchal e Sesimbra, “pela suspeita da prática dos crimes de administração danosa, burla qualificada, fraude fiscal e branqueamento”, refere um comunicado emitido pela Polícia Judiciária.

Foram efetuadas 51 buscas, sendo 22 buscas domiciliárias, 25 buscas não domiciliárias, três buscas em instituição bancária e uma busca em escritório de advogado, refere a PJ.

André Luiz Gomes é o advogado de Joe Berardo.

A investigação foi iniciada em 2016, identificou procedimentos internos em processos de concessão, reestruturação, acompanhamento e recuperação de crédito, “contrários às boas práticas bancárias e que podem configurar a prática de crime”.

"No inquérito investigam-se matérias relacionadas com financiamentos concedidos pela CGD e outros factos conexos, suscetíveis de configurar, no seu conjunto e entre outros, a prática de crimes de administração danosa, burla qualificada, fraude fiscal qualificada, branqueamento e, eventualmente, crimes cometidos no exercício de funções públicas", refere também um comunicado do DCIAP.

A operação da PJ incidiu sobretudo num grupo económico que, entre 2006 e 2009, contratou quatro operações de financiamentos com a CGD, no valor de cerca de 439 milhões de Euros, acrescenta a PJ.

Este grupo económico tem incumprido com os contratos e recorrido aos mecanismos de renegociação e reestruturação de dívida para não a amortizar.

“Atualmente este grupo económico causou um prejuízo de quase mil milhões de Euros à CGD, ao Novo Banco e ao BCP
, tendo sido identificados atos passíveis de responsabilidade criminal e de dissipação de património”, refere a PJ.
As diligências estão ser executadas pela Polícia Judiciária, com a intervenção de 138 elementos desta força policial, centrada na Unidade Nacional de Combate à Corrupção, acompanhados de 9 magistrados do Ministério Público, 7 Juízes de Instrução Criminal e 27 inspetores da Autoridade Tributária, a maioria dos quais foram alocados apenas para a concretização desta operação, não tendo a equipa de investigação do processo esta composição, refere uma nota emitida pelo DCIAP.

"Não obstante o empenho e investimento do DCIAP e da Procuradoria-Geral da República, bem como da PJ e de toda a equipa na investigação do inquérito em curso e a gestão racional e eficaz que foi realizada dos meios à disposição de todos, não se logrou assumir a celeridade desejável, apenas por carência de meios técnicos e outros ajustados à natureza, dimensão e complexidade da investigação", refere o Departamento Central de Investigação e Ação Penal.
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