Pedro Nuno Santos defende que não se pode ilibar o Chega no Orçamento

por RTP

Foto: António Cotrim - Lusa

O líder do PS propugnou este sábado, nos Açores, que não se pode ilibar o Chega de André Ventura de "responsabilidades políticas" no processo do Orçamento do Estado para 2025.

Ao intervir no Congresso Regional do PS nos Açores, Pedro Nuno Santos afirmou ainda que o partido está ser alvo de uma "pressão brutal" para sustentar um Governo de direita. E acusou o Executivo de Luís Montenegro de radicalismo por "governar para uma minoria", referindo-se à proposta do IRS Jovem.

"Não façam é o favor ao Chega de o ilibar de ser também um partido com responsabilidades políticas. Não isentem o Chega de responsabilidades. Não isentem o Chega de avaliação e de crítica porque esse é o pior serviço que estão a fazer à democracia portuguesa", acentuaria o secretário-geral socialista.O Teatro Micaelense, em Ponta Delgada, foi o palco escolhido para o 19º. Congresso Regional do PS açoriano.

Segundo Pedro Nuno Santos, a viabilização socialista "sem mais" do Orçamento do Estado equivaleria à "anulação do partido": "Deixar o Chega à solta, o PS anular-se como alternativa política ao PSD, esse sim é o melhor contributo para o Chega e para degradarmos a democracia portuguesa".

Os socialistas, prosseguiu, "apenas querem a retirada de duas medidas", ou seja, a baixa do IRC e o IRS Jovem.

"Qual é a cedência do PS, perguntam vários. A cedência do PS é viabilizar um OE que não é seu. É viabilizar um OE que vai ser desenhado pelo PSD de uma ponta a outra. Não estamos a interferir nas medidas para a saúde, educação, agricultura, para economia ou defesa. Só dissemos que não queremos duas medidas em centenas de páginas", vincou.
"Fantasia"
No entender do secretário-geral do PS, que recusou as acusações de radicalismo, é uma "fantasia" acreditar que o IRS Jovem "irá reter jovens talentos". "A maioria dos jovens vai beneficiar zero do IRS jovem. Radical é quem governa para a minoria", contrapôs.

Pedro Nuno deixou ainda críticas à redução do IRS de "forma transversal e sem critério". Tal redução, advogou, deve ser dirigida às empresas que dão "bom destino aos lucros" com "valorização salarial".

"O PS não vai capitular perante o Governo. Isso não vai acontecer. Porque os 78 deputados do PS não foram eleitos para executar o programa de governo do PSD, mas o PS está disponível para ceder e viabilizar um Orçamento que em larga medida não concorda em troca de duas medidas", enfatizou o dirigente partidário.
"Radical e inflexível"
Na passada sexta-feira, após a reunião bilateral, em São Bento, com Pedro Nuno Santos, Luís Montenegro considerou "radical e inflexível" a proposta do PS para o Orçamento do Estado. Ainda assim, prometeu um "esforço de aproximação" por via de uma contra-proposta a entregar na próxima semana.

O primeiro-ministro considerou mesmo que o líder socialista "quer substituir o programa do Governo pelo programa do PS".

O Governo, afiançou Montenegro, vai "tentar aproveitar parte daquilo que é proposto, com a legitimidade democrática que o Partido Socialista também tem".

c/ Lusa
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