O PCP propõe que o relatório da comissão de inquérito à TAP clarifique o que "verdadeiramente aconteceu" com os Fundos Airbus e que o ex-ministro Pedro Marques conhecia a situação, mas não o comunicou ao restante Governo.
Numa conferência de imprensa no parlamento, o deputado do PCP Bruno Dias destacou esta proposta de alteração ao Relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito à Tutela Política da Gestão da TAP, de um total de 46, considerando que ficou provado que a compra da transportadora aérea a lesou economicamente.
Fazendo um resumo dos acontecimentos relativos à compra da TAP, o comunista frisou que gerou "benefícios injustificados" a David Neeleman exigindo, por isso, "a devida avaliação em sede criminal face às legítimas suspeitas que hoje suscita".
O deputado quer que se acrescente no relatório que o Governo PS, nomeadamente o ex-ministro das Infraestruturas Pedro Marques, admitiu ter sabido dos Fundos Airbus em fevereiro de 2016, mas não deu conhecimento dessa informação ao restante governo, ao seu sucessor na pasta e ao Tribunal de Contas, "no contraditório à auditoria publicada em 2018".
Bruno Dias reforçou que na comissão de inquérito ficou evidente que as sucessivas tentativas de privatização tiveram consequências dramáticas para a TAP e como "o pior da gestão privada" tomou conta da empresa entre 2015 e 2020.
Bruno Dias defendeu que as 46 propostas de alteração do PCP permitem resolver "um conjunto de omissões graves, inverdades e falsidades" e acrescentou que se forem todas aprovadas, o PCP votará favoravelmente o documento.
"Agora há um enorme caminho desde o texto atual até ao texto como devia ser", apontou.
No relatório preliminar, da autoria da deputada Ana Paula Bernardo (PS), sustenta-se que "não se registam situações com relevância material que evidenciem uma prática de interferência na gestão corrente da empresa por parte das tutelas" e que "a generalidade dos depoimentos aponta para a inexistência de interferência ou ingerência política das tutelas na gestão corrente da empresa".