Paulo Raimundo defende que empresa pública de armazenamento de cereais deve ser vista como estratégica
O secretário-geral do PCP alertou hoje para a necessidade da empresa pública Silopor, responsável pela gestão dos Terminais de Granéis Alimentares da Trafaria e do Beato, ser vista como estratégica para o país.
"Esta empresa pública está há mais de 20 anos em insolvência e não há nada que justifique isto. Tem um papel determinante no que respeita ao armazenamento de cereais. Por aqui circulam mais de 60 por cento de todos os cereais que são consumidos em Portugal ", disse.
Paulo Raimundo defendeu que "não é possível que se corra o risco de esta empresa passar em 2025 para as mãos de um privado" tendo em conta a sua função estratégica de segurança alimentar e nacional.
"Quem privatiza os centros de saúde está em condições de privatizar uma empresa destas características. O risco é grande", disse.
O secretário-geral do PCP defende que a soberania alimentar é uma questão de segurança nacional tendo em conta que Portugal tem apenas capacidade de armazenamento de cereais para 15 dias.
"Se tivermos em conta as circunstâncias com as quais nos temos confrontado nos últimos anos como o vulcão na Islândia, o barco que se atravessou no canal do Suez e a guerra da Ucrânia então ficamos com a ideia do que significa ter 15 dias de reserva de cereais para todo o país", frisou.
Paulo Raimundo adiantou que o PCP vai apresentar, na Assembleia da República, propostas para para uma visão estratégica do país, advertindo que questões como a soberania alimentar não podem ser entregues "ao lucro e ao negócio".
"No nosso entender esta empresa deve tornar-se numa grande empresa pública que responda a uma necessidade estrutural de soberania e segurança alimentar do país", disse.
Segundo informação disponibilizada no site da empresa, a Solipor tem como missão prestar serviços de receção, movimentação, armazenagem, expedição e transporte de granéis alimentares, mediante a utilização das suas infraestruturas de descarga e armazenagem.
Com uma capacidade global de 340.000 toneladas, as instalações podem receber e armazenar, no decurso do ano, todas as importações portuguesas de cereais e farinhas, as quais atingem, em média, 3,4 milhões de toneladas.