A presidente do Parlamento Europeu (PE), Roberta Metsola, assegurou hoje o empenho deste órgão em garantir que os jornalistas na Europa podem trabalhar de forma livre, sem medo de assédio ou violência.
"Continuaremos a legislar para garantir que a nossa Europa é um espaço onde os jornalistas podem trabalhar livres de medo, de assédio, de violência, de homicídio", afirmou a responsável do PE, em Estrasburgo, na entrega do prémio de jornalismo Daphne Caruana Galizia, uma jornalista de investigação maltesa assassinada há seis anos.
A lei da liberdade de imprensa e a diretiva anti-SLAPP -- que pretende permitir aos juízes rejeitar rapidamente processos judiciais manifestamente infundados contra jornalistas ou defensores de direitos humanos -, iniciativas do Parlamento, "estão a ser negociadas", lembrou.
Segundo Metsola, "a adoção [destas leis] permitirá aos jornalistas fazer o seu trabalho sem recearem ruína financeira ou emocional ou, ainda pior, pelas suas vidas".
"Fez ontem [segunda-feira] seis anos que a jornalista de investigação maltesa foi brutalmente assassinada por expor corrupção de alto nível e crime organizado. Pensavam que uma bomba no carro a silenciaria, mas como vemos a sua voz continua a viver, na sua família que luta todos os dias por justiça, nos seus colegas e jornalistas, alguns de Malta, que continuam a ser visados e assediados, mas que como Daphne, recusam desistir, e no trabalho nesta casa", afirmou a presidente do Parlamento Europeu.
Roberta Metsola, também maltesa, recordou como a jornalista "fazia os corruptos e os medíocres tremer".
O prémio, que vai na terceira edição, é "guiado pelos mesmos valores que Daphne sempre defendeu", disse, acrescentando: "O vencedor sabe a grande voz que tem de preencher e este Parlamento vai ajudar a fazê-lo".
A distinção, que vai na terceira edição, contou este ano com 12 finalistas -- de um total de 268 reportagens candidatas, envolvendo mais de 700 jornalistas -, entre os quais a reportagem da SIC "Quando o ódio veste farda" (Pedro Coelho, Filipe Teles e outros).
O vencedor foi um consórcio grego, alemão e britânico, pela investigação do naufrágio do "Adriana", que vitimou 600 migrantes ao largo de Pylos, na Grécia.
O trabalho, realizado pelo centro de investigação grego Solomon, em colaboração com a Forensis, com o organismo público de radiodifusão alemão StrgF/ARD e o jornal britânico The Guardian, detalhou as circunstâncias em que ocorreu "o mais mortífero naufrágio de migrantes da história recente, resultado das medidas tomadas pela guarda costeira grega" e expondo também "incoerências nas contas oficiais das autoridades gregas".
"Esperamos que estas mortes não passem despercebidas e não fiquem sem justiça", declarou uma das jornalistas envolvida na investigação, ao receber o prémio.