Pagar salário mínimo de 860 euros não é um grande problema para o setor do turismo, mas CTP aguarda pelas contrapartidas

por Antena1

Foto: Antena1

O Governo apresentou à Confederação do Turismo de Portugal um aumento do salário mínimo para 860 euros. Francisco Calheiros admite que parte do setor até já paga mais que isso, mas aguarda pelas reuniões negociais para saber que contrapartidas fiscais estão em cima da mesa.

O Governo apresentou à Confederação do Turismo de Portugal (CTP) um aumento do salário mínimo para 860 euros. “O governo já falou com uns a 870 e com outros a 860. Connosco falou em 860”, referiu em entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios o presidente da CTP. Francisco Calheiros não se compromete com este aumento sem saber quais são as contrapartidas do Executivo, nomeadamente a nível fiscal e sem falar com os associados porque, nem todos, nomeadamente a restauração, tem capacidade para fazer face a esses aumentos.

Para Francisco Calheiros é capital que o Orçamento do Estado para 2025 seja aprovado. A não aprovação significa instabilidade e isso “é mau para o investimento estrangeiro é mau para tudo”. O Presidente da CTP considera que “quem tem de tentar viabilizar o orçamento é o governo”, mas todos tem de ter bom senso. Segundo Francisco Calheiros viver em duodécimos ou ir para eleições seria “péssimo”.

A CTP adianta que dentro em breve terá o pacote de medidas para o setor concluído, mas adianta que ao ministro das Finanças, durante a reunião da concertação social, pediu uma redução da despesa pública para que seja possível reduzir a carga fiscal.

Privatização da TAP "preocupa-nos bastante"

Nesta entrevista à Antena1 e ao Jornal de Negócios, Francisco Calheiros afirma que a privatização da TAP é um ponto que preocupa a CTP. “Estamos preocupados é um dos pontos que nos preocupa bastante” devido à dependência aérea que Portugal tem, sendo um país periférico, à necessidade de manter o hub e de manter o mercado norte-americano que tem vindo a crescer.

Sobre a possibilidade de o Estado manter a maioria do capital, admite que possa ser difícil um privado aceitar essa circunstância. Já quanto ao envolvimento do ministro das Infraestruturas no processo de privatização da TAP qualifica as críticas feitas como “espuma” e diz que trata de “uma pessoa muito decidida com as ideias muito claras”.
Depois do novo aeroporto, prioridade é ligação em alta velocidade a Espanha

Em relação à construção do novo aeroporto pede que seja feito um cronograma público com as etapas a cumprir e espera que a ferrovia, nomeadamente a ligação de alta velocidade a Madrid, não seja “um aeroporto 2” até porque seria uma alternativa para poder prescindir de alguns voos e libertar mais o aeroporto de Lisboa.


Francisco Calheiros mantém as previsões iniciais de que o ano turístico vai atingir novos recordes e superar os resultados de 2023 com um crescimento entre 1 e 3 por cento em dormidas. Francisco Calheiros considera que o mercado português continua a ser determinante para o turismo, diz mesmo que “não são os portugueses que tem decrescido são os outros (o mercado estrangeiro) que vão crescendo”, mas ainda assim considera os preços praticados como adequados e recusa a necessidade de uma redução.

Rejeita a existência de uma massificação do turismo. “Fica um bocadinho chique dizer que há turistas a mais” e é injusto. Neste sentido a CTP vai apresentar uma campanha para desmistificar essa a turistificação. Considera que o que é necessário é promover a descentralização o que tem vindo a acontecer e dá como exemplo o mercado coreano que é neste momento o principal turista de Fátima.

Francisco Calheiros não concorda com o aumento para o dobro da taxa turística em Lisboa e admite mesmo que seja um desincentivo ao turismo. “De 2 para 4 é muito dinheiro, são 80 milhões”, afirma. Em vez da cobrança de uma taxa, Francisco Calheiros preconiza que as camaras recebam uma parte do IVA turístico.


Entrevista de Rosário Lira e Hugo Neutel.
PUB