Lisboa, 09 Jun (Lusa) - Perto de 90.000 camiões, o total da frota nacional, devem estar hoje parados, segundo um dos organizadores da paralisação iniciada às 00:00 para protestar contra o aumento dos combustíveis.
"A frota nacional é constituída por 90.000 veículos. Devem estar todos parados", estimou Silvino Lopes, transportador do Carregado e um dos organizadores do protesto, quando questionado sobre a adesão a esta acção que está a impedir o transporte de mercadorias.
Segundo a mesma fonte, em quase todos os cruzamentos e rotundas do país há piquetes organizados.
São Bartolomeu de Messines, no Algarve, é um dos principais pontos, onde "não se passa em nenhum sentido, nem para cima nem para baixo", indicou, acrescentando que o restante trânsito está a correr com normalidade.
Outras zonas em idêntica situação são Setúbal, Évora, Beja, Elvas, Marateca, Porto Alto, Pegões, Estrada Nacional 3 - Carregado, Alverca, Batalha, Leiria, Coimbra, Nacional 109 (Figueira da Foz), Mealhada (IP3), Vilar Formoso, zona adjacente ao Porto, Águas Santas, Matosinhos e Viana do Castelo.
Todos estes pontos têm piquetes a condicionar o trânsito de pesados, sem que haja qualquer intervenção hostil por parte das autoridades, afirmou.
"As autoridades só não querem desordem e perturbações no trânsito, estão a deixar-nos organizar e não estão a opor-se. Também não queremos acções de violência", referiu, admitindo que "poderá ter havido um acto ou outro mais exaltado, que lamentamos".
De acordo com a mesma fonte, "não está a ser distribuído nada no país", à excepção de cargas que possam pôr em causa vidas humanas, como medicamentos e material hospitalar.
"Se for uma carga que possa pôr em causa a vida das pessoas segue", indicou.
Silvino Lopes afirmou que os transportadores trabalham todos os dias da semana, uma vez que em Portugal, ao contrário de outros países da Europa, não é proibido os camiões circularem aos feriados e domingos.
Por isso, apesar de terça-feira ser feriado, não tencionam desmobilizar se não for alcançado um acordo com o Governo.
"Tanto podemos estar aqui mais uma hora, como dois dias. A greve é por tempo indeterminado até haver um consenso", garantiu.
Para já, os manifestantes não têm outras acções programadas e vão continuar a encaminhar as frotas para os parques de pesados e tentar impedir que a paralisação seja furada.
"Penso que isto já é um bom exemplo e um puxão de orelhas ao Governo. As pessoas não aguentam tantas despesas", justificou.
A paralisação começou às 00:00 de segunda-feira, visando a imobilização de viaturas de mercadorias ou a realização de marchas lentas.
O protesto das empresas de transportes contra o aumento do preço dos combustíveis decidido no sábado, na Batalha, não conta com o apoio da Associação Nacional dos Transportes Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM), que argumenta que as "negociações com o Governo ainda não estão esgotadas".
Esta acção de protesto visa a imobilização de viaturas de mercadorias ou a realização de marchas lentas.
O governo pediu domingo aos empresários do sector dos transportes que mantenham "uma posição responsável e propiciadora do normal prosseguimento das negociações" que decorrem com a ANTRAM, sobre o preço dos combustíveis.
Em Espanha e França protesta-se pelas mesmas razões, mas sob a forma de greve.
AH.