Operadoras em Portugal e outros 18 países da UE já forneceram dados a Bruxelas
Um total de 14 operadoras de telecomunicações em 19 países da União Europeia (UE), incluindo Portugal, já forneceram dados anonimizados de utilizadores à Comissão Europeia para análise da mobilidade, visando conter a propagação da covid-19, anunciou hoje Bruxelas.
"Ao todo, 14 operadoras de redes móveis em 19 Estados-membros da UE e na Noruega forneceram os seus dados, de forma voluntária e gratuita, ao Centro Comum de Investigação" da Comissão Europeia, sendo Portugal um dos países visados, informa o executivo comunitário.
Em causa estão dados anonimizados recolhidos pelas operadoras de telecomunicações dos países e, entretanto, fornecidos ao Centro Comum de Investigação, o serviço científico interno da Comissão Europeia, para esta entidade analisar, de forma técnica, os padrões de mobilidade e a sua relação com a propagação do surto.
A par das aplicações de rastreamento de contactos que estão a ser desenvolvidas em cada país para acompanhar o desenvolvimento do vírus e avisar os cidadãos perante a proximidade a infetados, esta parceria público-privada entre o executivo comunitário e as operadoras de telecomunicações visa, então, avaliar a "relação entre a mobilidade humana e a propagação do novo coronavírus, bem como a eficácia das medidas de restrição da mobilidade para conter a pandemia".
E, de acordo com os primeiros estudos divulgados pelo Centro Comum de Investigação, "os dados forneceram evidências claras sobre o impacto da mobilidade na propagação do vírus", mostrando que "só a mobilidade pode explicar a propagação inicial do vírus em Itália, França e Espanha".
"Os resultados também mostram que as medidas de contenção tomadas pelos governos e regiões, incluindo o distanciamento físico e as restrições de mobilidade, foram eficientes para limitar a propagação do vírus", precisa a Comissão Europeia.
Verificou-se ainda que, "quando as medidas de distanciamento físico foram postas em prática, o fator mobilidade tornou-se menos importante para definir a propagação do vírus", adianta.
Baseados em dados agregados e anonimizados de localização de telemóveis fornecidos pelas operadoras móveis ao serviço científico da Comissão Europeia, estes resultados deverão, agora, orientar "os decisores políticos na formulação das melhores abordagens para sair do confinamento, mapeando os efeitos socioeconómicos das medidas de confinamento e informando os sistemas de alerta precoce para potenciais novos surtos", conclui a instituição.
Em abril passado, a Comissão Europeia anunciou que iria escolher uma operadora por Estado-membro, incluindo em Portugal, para recolher dados anónimos dos cidadãos, através da localização dos telemóveis, visando conter o surto.
"Queremos trabalhar com uma operadora [de telecomunicações] por Estado-membro para obter uma amostra representativa. Ter um operador por Estado-membro significa também que os dados agregados e anónimos não podem ser utilizados para rastrear cidadãos individuais, o que também não é de todo a nossa intenção, visto que nem todos têm a mesma operadora", explicou fonte oficial do executivo comunitário em na altura à agência Lusa.