A Venezuela registou, em maio, 40 violações à liberdade de expressão, sobretudo contra particulares e jornalistas, o valor mais alto desde janeiro e a poucos meses das eleições presidenciais, segundo a ONG "Espacio Público" (EP).
"O assédio e a intimidação foram os principais tipos de violações da liberdade de expressão na Venezuela, em maio. No mês passado, documentámos 10 casos e 40 violações do direito à liberdade de expressão, o número mais elevado até agora, durante este ano", refere a EP em comunicado de imprensa.
A ONG precisa que registou "11 atos de intimidação, 10 de assédio judicial e 8 de assédio verbal, assim com vários atos de censura, restrições administrativas, ameaças e agressões".
"As principais vítimas foram pessoas particulares (11), 10 jornalistas e repórteres, três órgãos de comunicação social e um funcionário público", refere.
Em 01 de maio, segundo a mesma fonte, simpatizantes do regime agrediram, durante a marcha do Dia Internacional do Trabalhador, manifestantes, jornalistas e repórteres em Caracas, incluindo fotojornalistas e correspondentes da Bloomberg, Reuters e El País.
A agressão ocorreu na presença de funcionários de organismos de segurança que nada fizeram para a deter.
A ONG relata ainda que em 02 de maio seis pessoas que tratavam do som de comício realizado pela opositora Maria Corina Machado, foram detidas por agentes da Polícia Nacional Bolívariana, em Maracaibo, oeste do país.
Antes do comício, segundo a EP, funcionários do Serviço Bolivariano de Inteligência (SEBIN, serviços de informações) confiscaram um camião que seria utilizado como palco e funcionários do Serviço Nacional Integrado de Administração Alfandegária e Tributária (SENIAT) fecharam por 30 dias o Hotel El Passeo, em Maracaibo, por ter alojado a equipa de Machado.
"As represálias contra pessoas e empresas por se associarem aos comícios políticos de Maria Corina Machado foram a norma durante o mês de maio, a poucos meses das eleições presidenciais [de 28 de julho]. Um dia após visitar Coro, capital do Estado de Falcón (noroeste), funcionários do SENIAT multaram o Hotel Urumaco, onde se hospedou, encerrando-o durante 22 dias", explica.
Em 22 de maio, funcionários do SENIAT encerraram um "modesto comércio familiar" em Guárico, horas depois de ter recebido a visita de Maria Corina Machado para tomar o pequeno-almoço, adianta.
Em Apure, funcionários da Guarda Nacional Bolivariana (GNB, polícia militar) confiscaram as canoas que transportavam a equipa opositora pelo rio Orinoco e detiveram o canoísta Antoni Josué Delgado, hoje refugiado na Colômbia devido a ameaças de agentes da GNB e do SEBIN.
Ainda em maio, o jornalista Ronald Padrón foi despedido depois de fazer uma publicação no Instagram sobre sobre o candidato presidencial opositor Edmundo González.
A Comissão Nacional de Telecomunicações encerrou, em 13 de maio a emissora Rádio Minuto 103.9 FM, em Acarígua, sem responder aos pedidos de renovação das autorizações necessárias para funcionar.
A EP dá conta ainda que empresas estatais e privadas bloquearam o acesso ao portal La Gran Aldea, depois de publicar uma entrevista com um líder da oposição.
O Procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, acusou os jornalistas Roberto Deniz, Ewald Scharfenberg, Daniel Lara Farías, Wender Villalobos, Norbey Marín, Sebastiana Barráez e Maibort Petit de estarem envolvidos em corrupção na empresa petrolífera estatal e de cobrar para divulgar reportagens.
Em 19 de maio mo presidente do parlamento, Jorge Rodríguez, censurou e sancionou o deputado Bruno Gallo, por manifestar apoio a mulheres vítimas de violações dos Direitos Humanos no Irão, durante uma sessão legislativa.