Em direto
Crise política. Presidente da República ouve partidos após queda do Governo

OE2025. PS valoriza "positivamente" contraproposta do Governo mas diz que há espaço para melhoria

por RTP
Lusa

Pedro Nuno Santos disse que o Partido Socialista registou e valorizou "muito positivamente" a contraproposta entregue pelo Governo para as negociações do Orçamento do Estado para 2025 na quinta-feira. No entanto, o secretário-Geral do PS considera que "há espaço para melhoria" e apresentou esta sexta-feira à noite uma nova contraproposta com novas condições para a viabilização do documento relativas ao IRS Jovem e à descida do IRC.

O líder socialista não descarta a possibilidade de um entendimento com o Governo para a viabilização do Orçamento do Estado e revela “fazer tudo” para evitar eleições antecipadas. Mas para isso apresentou ao primeiro-ministro contrapropostas no IRC e no IRS Jovem.

"Valorizamos muito positivamente a aproximação às propostas do PS", começou por dizer Pedro Nuno Santos. “Mas como o primeiro-ministro disse que há espaço para melhorias, queremos contribuir e e fazermos uma nova proposta que que já tive oportunidade de transmitir ao primeiro-ministro”, acrescentou.


Sobre o IRS Jovem, Pedro Nuno Santos valoriza o facto de o Governo deixar cair a proposta inicial mas considera que é preciso fazer alterações à medida proposta pelo Executivo. Os socialistas propõem nomeadamente a redução do tempo de benefício de 13 para sete anos. Para o secretário-geral do PS, trata-se de um "salto muito significativo dos cinco anos (atualmente em vigor) para os 13 anos" e que acarretaria um "custo muito relevante".
Duas hipóteses do IRC
Quanto ao IRC, o líder socialista afirma que a redução para 17 por cento "nunca terá o acordo do PS", mas admite duas hipóteses:

  • A primeira prevê que não haja qualquer redução transversal do IRC em 2025 e o Governo permite, em alternativa a "reintrodução do crédito fiscal extraordinário ao investimento". Nesta alternativa, o Governo não fica sujeito a manter o IRC nos anos seguintes mas terá de as assegurar com o voto de outros partidos e sem o PS.

"A alternativa à redução de um ponto, em 2025, seria a recuperação deste crédito fiscal extraordinário para o investimento”, avançou Pedro Nuno Santos, argumentando que este "é um mecanismo poderoso de apoio às empresas que investem e que, dessa forma, conseguem reduzir de forma substancial a base sujeita a imposto".

Se nos próximos anos o Governo quiser implementar a sua trajetória de redução do IRC para 17 por cento "poderá fazê-lo com uma maioria alternativa e não com o apoio do PS, terá a oposição do PS".

  • A segunda alternativa é o Executivo baixar um ponto percentual do IRC em 2025 e promover a descida de impostos nos anos seguintes com o crédito fiscal extraordinário ao investimento.

Ou seja, o socialista diz que há a possibilidade de o PS "viabilizar a redução de um ponto do IRC em 2025, com o compromisso de que, nos três anos seguintes, em 2026, 2027 e 2028, não haverá reduções adicionais da taxa nominal de IRC, que podem ser substituidas pela reintrodução do crédito fiscal extraordinário de apoio ao investimento".

A menos de uma semana da entrega da proposta do Orçamento do Estado para 2025, Pedro Nuno Santos garantiu que "o PS quer genuinamente estar no processo" de negociação e permitir a viabilização do documento que deverá ser entregue pelo Governo na Assembleia da República, até ao dia 10 de outubro.

“Nós apresentamos aqui duas alternativas de boa-fé que permita ao país e ao Governo, em particular, ter um Orçamento de Estado, termos estabilidade política. O PS quer genuinamente estar no processo, contribuir para a viabilização do Orçamento e é por isso que apresentamos soluções que consideramos muito moderadas e que vão no sentido da proposta do Governo, mas que permitem uma melhoria que seja também aceitável para o PS”, afirmou.
Nova proposta do PS é "dificil de recusar"

Em entrevista à RTP, Alexandra Leitão disse que a nova proposta em resposta ao Governo é "muito razoável" e mesmo "difícil de recusar". A líder parlamentar do PS Diz que este é um passo de "aproximação" e "manifestação de empenho" por parte do PS, ao alterar uma das linhas vermelhas que tinha traçado.


"Uma recusa desta contraproposta é claramente sinal de que o Governo não tem grande interesse em ir mais além nas negociações", aponta Alexandra Leitão.
PUB