“O Plano de Recuperação e Resiliência deve aumentar significativamente o investimento público, mas há riscos de atrasos na implementação”, refere o
relatório da instituição, agora divulgado.
Uma implementação oportuna do PRR fortalecerá a infraestrutura verde, aquisição de competências e a capacidade de saúde, apoiando o crescimento sustentável, mas também pode retardar o declínio da inflação.
“As reformas e investimentos no âmbito do PRR têm um forte potencial para apoiar o crescimento”, refere a OCDE. “Garantir a implementação completa do RRP maximizará os benefícios”, refere a OCDE.
Nas últimas previsões,
o FMI previa um crescimento de 2,6 por cento e a Comissão Europeia estima um crescimento de 2,4. O Governo, no programa de Estabilidade estabelecia um crescimento previsto este ano de 1,8. Ou seja, OCDE, Bruxelas e FMI são todas mais otimistas que o executivo português e todas elas reviram recentemente em alta as previsões.
Inflação revista em baixa
A organização estima que a inflação em Portugal desça para os 5,7 por cento em 2023 e para os 3,3 no próximo ano. Isso representa uma redução de 0,9 pontos percentuais na previsão quanto a 2023. Estas projeções comparam com os 6,6 por cento para este ano e com os 2,4 para 2024 previstos no relatório divulgado em novembro.
São, no entanto, mais pessimistas que o Governo, que estima no Programa de Estabilidade uma inflação de 5,1 por cento em 2023 e 2,9 em 2024.
A organização salienta ainda que "a eliminação gradual do apoio à energia e à inflação e o alto crescimento nominal do PIB irão ajudar a reduzir a dívida pública para cerca de 103 por cento do PIB em 2024".
Há cerca de duas semanas, a Comissão Europeia estimou uma inflação de 5,1 por cento este ano, esperando uma moderação para 2,7 em 2024. O FMI estima para 2023 uma inflação de 5,6 por cento.
As medidas para ajudar a amortecer o choque inflacionário devem atingir
1,9 por cento do PIB em 2022 e 3,7 por cento do PIB em 2023, acrescenta o relatório.
“Para manter fortes incentivos à economia de energia e à transição
verde, será importante direcionar cada vez mais o apoio para as famílias
mais vulneráveis e eliminar gradualmente as medidas de apoio à
energia”, recomenda a instituição.
“O apoio fiscal temporário para amortecer o choque inflacionário deve ser gradualmente eliminado”, conclui a OCDE.
A OCDE prevê, para este ano, que as exportações de bens e serviços crescem oito por cento, as importações 3,5 por cento, enquanto o consumo interno 0,6 e o investimento 3,1 por cento.
No retrato sobre o início deste ano, sublinha que como os preços da energia e dos alimentos continuam altos e as taxas de juros continuam a subir, o crescimento da procura interna diminuiu e a inflação está a reduzir o poder de compra.
Emprego
Já no desemprego as estimativas são superiores às do Governo e outras entidades internacionais. A OCDE estima uma taxa de desemprego de 7,4 por cento este ano e de 7,5 em 2024.
“A taxa de emprego permanecerá historicamente alta e os salários vão acelerar”, admite a entidade. “No entanto, a inflação global dos preços no consumidor de 5,7 por cento em 2023 e 3,3 por cento em 2024 reduzirão o poder de compra e pesarão no crescimento do consumo”, acrescenta.
“A implementação do PRR está a apoiar o crescimento e as medidas renovadas de apoio em 2023 estão a ajudar a suavizar o choque inflacionário no poder de compra das famílias”, refere a OCDE.
"Continuar a melhorar o acesso a creches de boa qualidade permitiria que mais mulheres entrassem no mercado de trabalho e ajudassem a reduzir as disparidades no mercado de trabalho", acrescenta.
Défice e dívida
O défice deverá descer, estima a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico. Aponta para uma redução do défice português de 0,4 por cento do PIB em 2022 para 0,1 por cento este ano e para o próximo, em linha com as estimativas de Primavera de Bruxelas.
Governo aponta para um défice orçamental de 0,4 por cento este ano e de 0,1 em 2024.
A dívida pública deverá situar-se nos 106,2 por cento em 2023 e em 102,9 no ano seguinte. Apesar de estar abaixo do nível de 2019, a OCDE alerta que continua a ser a terceira mais alta da União Europeia.