OCDE modera perspectivas de crescimento de Portugal para 1,1%

por RTP com Lusa
Rafael Marchante, Reuters

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) está menos otimista do que o Governo e a troika quanto à evolução da economia portuguesa, antecipando um crescimento mais modesto tanto em 2014 como em 2015, de 1,1% e 1,4%, respetivamente. Quanto à dívida pública, a organização estima que Portugal continue a subir pelo menos até 2015 - segundo os critérios de Maastricht, deverá atingir os 130,8% em 2014 e voltar a subir em 2015 para os 131,8% - e alerta para "um risco de deflação", o que dificultará ainda mais a redução da dívida.

Zona euro a crescer
A zona euro deverá crescer 1,2% este ano e 1,7% em 2015, mas a OCDE considera que o ritmo da recuperação "vai continuar moderado", sobretudo devido ao "alto endividamento e às condições de crédito apertadas", que vão pesar na atividade económica, "sobretudo nos países vulneráveis".

Quanto ao desemprego, a OCDE estima que a taxa nos países da zona euro se mantenha nos dois dígitos ao longo do horizonte da previsão, nos 11,7% em 2014, caindo ligeiramente para os 11,4% em 2015.
O Governo inscreveu no Documento de Estratégia Orçamental (DEO) divulgado na semana passada um crescimento de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014 e um aumento de 1,5% em 2015. São previsões que estão incluídas nos relatórios do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da Comissão Europeia sobre a 11ª avaliação regular ao programa de resgate.

São números que mereceram eco nas previsões da Comissão Europeia, que ontem confirmou o optimismo apontado à economia portuguesa nessa penúltima avaliação: esperando que Portugal cresça 1,2% em 2014 e 1,5% em 2015. Quanto à dívida pública, Bruxelas acredita que deverá cair este ano para os 126,7% e para os 124,8% em 2015.

A OCDE é no entanto mais conservadora e fala de um crescimento de 1,1% este ano e 1,4% para 2015. Quanto à dívida pública, a organização estima que Portugal continue a subir pelo menos até 2015 - segundo os critérios de Maastricht, deverá atingir os 130,8% em 2014 e voltar a subir em 2015 para os 131,8%.
Exportações recuam
No 'Economic Outlook' hoje divulgado, a OCDE espera que o desempenho das exportações seja menos positivo em 2014 e em 2015, antecipando um crescimento de 4,5% este ano e de 5,1% no próximo, previsões acima das apresentadas pelo Governo, de 5,7% em cada ano.

Quanto às importações, a OCDE espera que atinjam os 3,3% em 2014 e os 3,1% em 2015, perspetivando o Executivo que se fixem nos 4,1% este ano e nos 4,2% no próximo ano.

Em relação ao investimento, a organização liderada por Angel Gurría espera, tal como o Governo, um aumento de 3,3% em 2014, mas, ao contrário do Executivo, antecipa que se verifique um abrandamento do ritmo de crescimento do investimento em 2015, para os 2,8% (o Governo espera que o investimento aumente 3,8% em 2015).

A OCDE estima que o consumo privado apresente um desempenho positivo nos próximos dois anos, mas não tão positivo como o previsto pelo Governo, apontando para uma variação de 0,4% este ano e de 0,7% em 2015, ao passo que o Executivo espera um crescimento de 0,7% já este ano e uma ligeira aceleração do consumo privado em 2015, para os 0,8%.
Dívida continua a subir até 2015Revisão em baixa
As economias da OCDE deverão crescer 2,2% em 2014 e 2,8% no próximo ano, no que é uma leve revisão em baixa da OCDE em relação à previsão para este ano apresentada em novembro.

No 'Economic Outlook' desta terça-feira, a organização piorou em uma décima a previsão do crescimento médio, em 2014, das 34 economias que integram a instituição, uma vez que em novembro do ano passado antecipava um crescimento de 2,3% para 2014. Por oposição, a OCDE estima agora que, em 2015, o conjunto das suas economias cresça 2,8%, face aos 2,7% anteriormente antecipados.

A economia mundial deverá crescer 3,4% em 2014 e acelerar o ritmo no próximo ano para os 3,9%. A taxa de desemprego média nas economias da OCDE deverá atingir os 7,5% em 2014, recuando ligeiramente para os 7,2% em 2015.

A OCDE antecipa que a dívida pública de Portugal continue a subir pelo menos até 2015, alertando que "existe um risco de deflação", o que dificultará ainda mais a redução da dívida. De acordo com o 'Economic Outlook' de hoje, e segundo os critérios de Maastricht, a dívida deverá atingir os 130,8% do PIB em 2014 e voltar a subir em 2015, para os 131,8%.

É uma previsão que contraria o otimismo do Governo, que espera que a trajetória em alta da dívida pública comece a inverter-se em 2015: no DEO, o Executivo previa que depois de chegar aos 129% do PIB em 2013, a dívida pública atingisse os 130,2% em 2014, recuando para os 128,7% no próximo ano.

Mas a organização alerta ainda para "um risco de deflação" em Portugal, cuja concretização "iria tornar a redução da dívida mais difícil".
A OCDE estima que o índice harmonizado dos preços ao consumidor (HIPC) recue 0,3% em 2014 e que aumente 0,4% em 2015.

Quanto ao défice orçamental, a OCDE estima que "as metas do défice de 4% e 2,5% acordadas com a troika para 2014 e 2015, respetivamente, deverão ser alcançadas".

No entanto, considera que as autoridades portuguesas devem permitir que os estabilizadores automáticos (como os subsídios de desemprego, por exemplo) "operem totalmente, mesmo que isso signifique alguma derrapagem em relação aos objetivos do défice, caso haja um crescimento menor do que o antecipado".


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