"O PS chumbará todas as autorizações legislativas", avisa Pedro Nuno Santos
Quem o diz é Pedro Nuno Santos, Secretário-Geral do Partido Socialista (PS) em entrevista à Antena1 e ao Jornal de Negócios.
Nesta entrevista, Pedro Nuno Santos garante que com o voto do seu partido essas autorizações legislativas não serão aprovadas. Pedro Nuno Santos recusa-se a "dar um cheque em branco" ao Governo e diz que, se o Executivo quer proceder a alterações em matérias que são reserva relativa do parlamento, terá de apresentar uma proposta de lei ao Parlamento. Sobre o facto de viabilizarem a redução do IRC em 1 ponto percentual, admite que o PS chegou a ponderar chumbar a proposta e voltou atrás perante a iminência de uma descida de 2 pontos como o PSD sugeriu que faria. Diz que foi "um truque" do PSD. Nesse sentido lembra declarações do líder do PSD que confirmam isso. Pedro Nuno Santos explica que é contra a descida do IRC, porque a medida só iria beneficiar alguns setores como banca, seguros e a distribuição, setores que não vão contratar mais trabalhadores nem transformar a economia por causa da descida do imposto. Segundo Pedro Nuno Santos, o IRC não vai transformar perfil da economia, vai só canalizar recursos para quem menos precisa. Sobre o aumento extraordinário das pensões, proposto pelo PS, de 1,25 pontos percentuais e o seu financiamento, nesta entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, afirma que a medida foi construída tendo por base a margem orçamental libertada pelo IRS jovem para não agravar o saldo orçamental, apesar de até poder existir margem para um aumento maior.
Considera que a partir do momento em que o Governo se mostrou disponível para reduzir 2 pontos percentuais no IRC, perdendo 650 milhões de euros, ao usar o "truque" que usou, "queimou esse argumento" de não existir folga para aumentar as pensões. Lembra aliás que o Ministro das Finanças, no cenário macroeconómico negociado em Bruxelas, já contabiliza as medidas fiscais. Conclui que o Governo não tem visão nem estratégia para a economia e só sabe falar de IRC.
O líder do PS rejeita que o aumento extraordinário das pensões, proposto pelo seu partido, crie desequilíbrio nas contas públicas. Recorda que o Governo o que fez, até agora, foi distribuir o excedente que recebeu por despesa permanente. E conclui que o IRC é a prova de que invocando a classe média "o Governo governa para uma minoria da população e das empresas". É, segundo Pedro Nuno Santos, um Executivo "profundamente incompetente" e "irresponsável". No entanto diz que não exige remodelações, porque essa não é competência da oposição. Sobre a sua visão económica para país, elogia a iniciativa do Governo de Cavaco Silva ao pedir e executar o chamado "relatório Porter" na década de 90 e considera que o país precisa de novos estudos, porque os incentivos estão muito fragmentados. Considera que a aposta feita então, em alguns setores produziu resultados. Lamenta que o Turismo seja a prioridade do Governo, traduzido nomeadamente no chamado "pacotão" da economia. Diz que não é preciso "inventar, (mas) é olhar para onde já temos competências em que é preciso apostar".
Sobre a sua liderança à frente do PS, Pedro Nuno Santos diz que tem feito o melhor possível.
Reitera que o partido socialista está unido e garante que o PS ao contrário do que aconteceu no passado vai apoiar um candidato à Presidência da República. Escusa-se, no entanto, a adiantar se António José Seguro será esse candidato. Já em relação às autárquicas adianta que até ao final do ano as escolhas dos candidatos vão estar feitas e assegura que quer ganhar as eleições autárquicas. Quanto à Madeira, espera que após a aprovação da moção de censura que sejam convocadas eleições, acreditando também numa vitória dos socialistas. Uma entrevista conduzida por Rosário Lira (Antena 1) e Paulo Ribeiro Pinto (Jornal de Negócios).