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O pior dia em cinco anos. Bolsas afundam após anúncio das tarifas norte-americanas

por RTP
Foto: Shannon Stapleton - Reuters

Os mercados norte-americano e europeu continuam a demonstrar as ondas de choque após o anúncio das tarifas por parte do presidente norte-americano, Donald Trump. Na quinta-feira, Wall Street assistiu a perdas nos principais índices, com o pior dia em cinco anos. Já esta sexta-feira as bolsas europeias continuam em terreno negativo, incluindo Lisboa.

A bolsa de Lisboa não escapou esta sexta-feira aos efeitos das “tarifas recíprocas” anunciadas por Donald Trump na última quarta-feira. Em linha com as principais bolsas europeias, o PSI baixava 0,98% às 8h55 para 6.898,46 pontos. À mesma hora (em Lisboa), o Eurostoxx 600, que reúne centenas empresas europeias, recuava 0,99% para 517,93 pontos.

As bolsas de Londres, Paris e Frankfurt desciam 0,70%, 0,93% e 0,84%, respetivamente, enquanto as de Madrid e Milão se desvalorizavam ainda mais: 1,77% e 2,07%.

Logo na quinta-feira, as bolsas europeias tinham fechado a sessão a perder cerca de 3%, uma queda que ainda não ultrapassou para já os efeitos que se sentiram em Wall Street, que conheceu na quinta-feira o pior dia desde 2020.

A Associated Press fala de um “nível de choque que não se via desde a Covid”.Os mercados financeiros de todo o mundo sentem as preocupações sobre os pesados danos que as tarifas anunciadas por Trump poderão provocar às economias de todos os continentes, incluindo à própria economia norte-americana.


Na quinta-feira, o índice Dow Jones terminou a recuar 3,98% para 40.545,93 pontos, que compara com o máximo desde que o índice foi criado em 1896.

O Nasdaq, índice das tecnológicas, caia 5,97% para 16.550,61 pontos e até o S&P500 recuou 4,84%, a perda maior desde junho de 2020. Nos títulos, grande parte das empresas apresentou fortes desvalorizações.

A Apple teve a pior sessão em cinco anos, ao recuar 9,25%, o que se traduziu numa perda de 300 mil milhões de dólares de capitalização bolsista. A Dell recuou 19,00%, a HP 14,74%, a Broadcom 10,51% e a Nvidia 7,81%.

Na indústria têxtil, com grande parte da produção na China e Vietname (com agravamento respetivo de 34% e 46%), houve perdas em títulos como a Gap (-20,38%), Ralph Lauren (-16,27%) ou Nike (-14,47%).

O preço da onça de ouro, que é por norma um ativo de refúgio em momentos de crise, estava a descer para 3.097,71 dólares, contra 3.107,61 dólares na quinta-feira. O atual máximo histórico, de 3.131,52 dólares, atingido em 2 de abril.

"As taxas alfandegárias são mais elevadas e mais graves que previsto e vai ser preciso tempo para determinar os efeitos exatos, não apenas na economia, mas também sobre os lucros das empresas", comentou Tom Cahill, analista da Ventura Wealth Management, em declarações à agência France Presse.

"O crescimento do lucro das empresas vai ser muito mais fraco do que Wall Street tinha previsto", considerou o analista, considerando que haverá consequências nefastas para a economia mundial, com a procura a cair: “Os consumidores vão começar a poupar mais, desde logo porque estão cheios de dúvidas quanto ao futuro”, acrescentou.

De acordo com a UBS, é "plausível" que as tarifas mais elevadas em 100 anos possam fazer cair o crescimento económico dos EUA em 2 pontos percentuais no ano de 2025 e aumentar a inflação para perto dos 5 por cento.

c/ agências
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