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"O pássaro é libertado". Elon Musk assume controlo do Twitter

por Carlos Santos Neves - RTP
“O pássaro é libertado”, escreveu o multimilionário no Twitter, que adquiriu por 44 mil milhões de dólares Dado Ruvic - Reuters

É um novo capítulo para a rede social do pássaro azul. Ao cabo de vários meses, Elon Musk completou na quinta-feira a aquisição do Twitter por 44 mil milhões de dólares. O magnata filantropo começou já a alterar a estrutura dirigente da plataforma, segundo as agências internacionais: o presidente executivo, Parag Agrawal, o diretor financeiro, Ned Segal, e a responsável pelo departamento jurídico, Vijaya Gadde, terão sido de imediato notificados do despedimento.

O takeover e os subsequentes afastamentos na ponte de comando do Twitter – revelados à agência Associated Press por duas fontes próximas do processo - aconteceram a escassas horas do fim do prazo fixado por um juiz, no início do mês, para que o negócio ficasse concluído. Esta sexta-feira seria o dia decisivo.

“O pássaro é libertado”, escreveu Elon Musk, lacónico, na sua conta do Twitter.


Antes deste desfecho, em mensagem destinada sobretudo aos anunciantes, o número um da Tesla e da SpaceX sustentou estar a completar a compra para evitar que a rede social se converta numa “paisagem infernal livre para todos”.

“A razão pela qual adquiri o Twitter é porque é importante para o futuro da civilização ter uma praça comum da cidade digital, onde uma vasta gama de crenças pode ser debatida de forma saudável, sem recorrer à violência”, argumentou Musk, para acrescentar que “há atualmente um grande perigo de os meios de comunicação social se dividirem em câmaras de eco da extrema-direita e da extrema-esquerda, que geram mais ódio e dividem a sociedade”.

A contenda com a cúpula do Twitter teve início em maio deste ano, quando o empresário quis recuar no acordo assinado um mês antes para a compra. Musk, que se envolveu num diferendo com os responsáveis pela plataforma por causa do número de contas de spam, seria processado, no verão, no Estado do Delaware.

Na quarta-feira, Elon Musk entrou na sede do Twitter em São Francisco, no Estado norte-americano da Califórnia, a transportar um lavatório. Na rede, escreveu “entering Twitter HQ - let that sink in!”, um jogo de palavras a convidar a que se habituem à ideia da sua liderança, sem destinatários concretos.



O diário financeiro The Wall Street Journal noticiou que as instituições bancárias envolvidas no financiamento do negócio deram início ao envio das verbas. O perfil de Musk no Twitter foi alterado para "Chief Twit". A localização é agora o quartel-general da rede social.

Em simultâneo, a Bolsa de Nova Iorque, na qual o Twitter está cotado, anunciou que os títulos da plataforma foram suspensos antes da abertura da sessão desta sexta-feira.
O Twitter de Musk
O Twitter – com mais de 240 milhões de utilizadores e uma importante tração entre políticos, jornalistas, comentadores e celebridades, a rede é uma das mais influentes do universo digital em todo o mundo - mergulha, de ora em diante, num novo capítulo de contornos incertos.

Há uma semana, foi noticiado que Musk estaria disposto a despedir 75 por cento dos trabalhadores da plataforma. Espera-se que o empresário fale ainda esta sexta-feira – diretamente – ao corpo laboral, nos termos de um memorando que estará a circular na sede, de acordo com a edição online do jornal britânico The Guardian.Na noite de quinta-feira, Biz Stone, cofundador do Twitter, deixou um agradecimento a Parag Agrawal, Vijaya Gadde e Ned Segal “pelo seu contributo coletivo” para a plataforma, reconhecendo-lhes “humanidade” e “talento imenso”.

Uma das posições do CEO da Tesla que fez acionar os alarmes de grupos de defesa de direitos civis, nos Estados Unidos, diz respeito a Donald Trump, permanentemente banido do Twitter. Elon Musk, que gosta de apresentar como um “absolutista da liberdade de expressão”, prometeu fazer marcha-atrás nesta decisão e reabrir as portas da plataforma ao ex-presidente norte-americano.

O campo de Trump, incluindo legisladores republicanos, apressou-se a aplaudir este gesto. E já na última noite Marjorie Taylor Greene, membro da Câmara dos Representantes conhecida por ser uma teórica da conspiração de extrema-direita, não escondeu o contentamento, ao tweetar “LIBERDADE DE EXPRESSÃO!!! (sic)”.

Em declarações à agência France Presse, a coberto do anonimato, um funcionário do Twitter estimou em mais de 700 os profissionais que abandonaram a empresa desde junho: “São sobretudo partidas voluntárias, seja por razões éticas, seja por razões puramente financeiras, porque uma empresa não cotada é menos interessante”.

Retirar o Twitter da bolsa foi uma das ideias aventadas por Musk no processo que agora desemboca na tomada da empresa.

“Os planos de Elon Musk para o Twitter vão torná-lo numa fossa séptica ainda mais cheia de ódio, resultando em danos irreparáveis no mundo real”, estimou a Stop the Deal Coalition, agrupamento de organizações não lucrativas que se opõe ao negócio.

“Os planos de Musk vão deixar a plataforma mais vulnerável a ameaças de segurança, desinformação desenfreada e extremismo mesmo antes das eleições intercalares [nos Estados Unidos]”, reforçou a aliança.

c/ agências
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