"Não tivemos nenhuma conversa com as Finanças sobre certificados de aforro" - BCP
O presidente executivo do BCP disse hoje o banco não teve qualquer conversa com o Ministério das Finanças sobre certificados de aforro, negando qualquer pressão sobre o Governo para baixar a remuneração daqueles instrumentos de dívida pública.
"Não tivemos nenhuma conversa com o Ministério das Finanças sobre certificados de aforro, isto que fique claríssimo, nem de corredor", afirmou Miguel Maya na conferência de imprensa de apresentação dos resultados semestrais (lucros de 423,2 milhões de euros), que hoje decorreu no Taguspark (Oeiras).
Miguel Maya afirmou que nas decisões do Governo sobre dívida pública, certificados de aforro, financiamento do Estado, "o BCP não tem uma palavra a dizer".
"Há muito tempo que não fazemos comentário, não interferimos em decisões políticas, não nos posicionamos de um lado ou outro", disse.
Nos primeiros meses do ano, os bancos tiveram importantes saídas de depósitos, com os clientes a retirarem dinheiro para investirem em certificados de aforro (dívida pública dirigida a retalho, geralmente distribuída pelos CTT).
Já no início de junho, o Governo baixou a remuneração dos certificados de aforro, o que foi alvo de críticas e entendido como uma cedência à pressão da banca, o que o executivo recusou.
"Não ganhámos nem perdemos nenhuma luta porque simplesmente não fomos a jogo nesta matéria", afirmou hoje o presidente do BCP.
Já sobre a possibilidade de o BCP vir a distribuir certificados de aforro, Maya disse que não foi analisado, pelo que não há decisão tomada, e que quando o fizerem analisarão vários aspetos e que "não é indiferente as condições" de colocação desses produtos dadas pelo Estado.
Ainda hoje, na conferência de imprensa de resultados do primeiro semestre, sobre a saída de recursos de clientes, o presidente do BCP disse que "se fala muito de [saídas para] certificados de aforro, mas que houve mais de 200 milhões de euros de amortizações antecipadas" de crédito e saída de outros recursos por vencimento de produtos, designadamente de seguros.