Os impactos da invasão russa da Ucrânia, em particular os constrangimentos nos mercados de gás natural liquefeito e a opção da OPEP+ pelo corte na produção de petróleo, empurraram o mundo para “a primeira crise verdadeiramente global de energia”. A avaliação foi deixada esta terça-feira pelo diretor-geral da Agência Internacional de Energia (AIE), Fatih Birol, durante uma conferência em Singapura.
Por um lado, sublinhou o economista turco Fatih Birol, citado pela agência Reuters, é expectável que o incremento das importações europeias de gás natural liquefeito e a possibilidade de uma procura renovada da China por este combustível acabem por “apertar” o mercado – tendo em conta a previsão, para o próximo ano, de um input em nova capacidade de apenas 20 mil milhões de metros cúbicos.
Em simultâneo, as economias internacionais terão de lidar com o impacto da decisão, por parte da Organização de Países Exportadores de Petróleo e respetivos aliados (OPEP+), de cortar a produção em dois milhões de barris por dia. Uma escolha “arriscada”, observou o Birol, quando a AIE estima em quase dois milhões de barris diários o crescimento da procura global em 2022.“Considero esta decisão verdadeiramente infeliz”, afirmou Fatih Birol, referindo-se ao corte na produção fixado pela OPEP+.
Nas palavras do diretor-geral da Agência Internacional de Energia, é “especialmente arriscado” face ao quadro de “várias economias em todo o mundo à beira da recessão”.
Outra ideia enunciada pelo responsável em Singapura foi a de que o mundo vai continuar a necessitar de petróleo russo a fluir, mesmo com a imposição de um teto aos preços.
Recorde-se que o G7 chegou a acordo, no mês passado, para limitar, até ao início de dezembro, a venda de petróleo russo, por via de um teto nos preços.
Birol contrapôs, ainda assim, que o atual contexto de crise energética pode encontrar uma curva de recuperação se vingar a via das denominadas energias limpas e renováveis. Esta transição encontra na “segurança energética” o “motor número um”.
c/ agências
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