Mulheres. São mais, têm mais escolaridade, mas mandam e ganham menos
Falamos de mulheres no setor cooperativo, mas a partir dos resultados de um estudo nacional também podemos dizer que estamos a falar da maior força de trabalho das cooperativas. As mulheres têm níveis de escolaridade superiores aos dos colegas homens. No entanto, ganham menos - em média, cerca de 80 euros - e estão sub-representadas nos órgãos dirigentes.
O estudo identificou também a desigualdade salarial entre homens e mulheres, na "remuneração média mensal base” as trabalhadores recebem “-78,93Euro/mês que os homens”.
A desigualdade salarial é transversal a todos os níveis de escolaridade, mas é mais acentuada nos "trabalhadores com o ensino superior".
Os homens dominam os órgãos sociais das cooperativas. No total, a representação de mulheres nos órgãos sociais atingia os 23,9 por cento em 2019. Em 2021, a subida não chegou a dois por cento, uma vez que apenas 25,3 por cento dos cargos dirigentes eram ocupados por mulheres.
Analisando os cargos nos diferentes órgãos sociais (tendo como referência 2021) há menos mulheres na fiscalização das cooperativas (cerca de 24 por cento), depois na administração (com cerca de 25 por cento de presença feminina) e com maior representação de mulheres surge a mesa da assembleia geral (que ronda os 28 por cento).
Portanto, existe "uma expressiva sub-representação de mulheres em 2019 e 2021" no total dos órgãos sociais das cooperativas com dados no Portal de Credenciação. No entanto, analisando por setor de atividade, os investigadores encontraram oscilações. No setor das pescas, as mulheres representam apenas 2,1 por cento dos lugares nos órgãos sociais. Já no setor do artesanato as mulheres têm 87, por cento do total de cargos.
O setor social, o setor da produção operária ou o ensino "são aqueles com uma representação mais equilibrada de mulheres e homens nos órgãos sociais".
Os dados mostram ainda que "as mulheres estão em maior proporção" na amostra de trabalhadores nas cooperativas registadas.
"Segue-se o da solidariedade social (83,6% de trabalhadoras, face a 16,4% de trabalhadores), sendo o pódio fechado pelo ramo do consumo (75,3% de trabalhadoras, face a 23,7% de trabalhadores)", lê-se no estudo.
Recomendações dos investigadores
O estudo recomenda a imposição de quotas “de mulheres e homens nos órgãos sociais e/ou cargos dirigentes das cooperativas". Para além da elaboração de um “relatório trienal sobre as remunerações”, reuniões para “discutir as políticas de remuneração ou a criação de procedimentos para denúncia de casos de discriminação”.
Os investigadores sugerem ainda “auditorias de género” e a "promoção de uma cultura inclusiva que desafie estereótipos de género e proporcione iguais oportunidades de progressão na carreira para mulheres e homens".