Movimento contra portagens na A28 admite "todas as formas de luta"

por RTP

O movimento que contesta a introdução de portagens na Auto-estrada 28 pondera recorrer à Justiça, alegando que a Estrada Nacional 13 não constitui uma alternativa viável. Ao longo de nove dias, as comissões de utentes das SCUT em causa fizeram três marchas lentas e o movimento “Naturalmente, não às portagens na A28” assegura que “está tudo em cima da mesa”. Incluindo um “bloqueio geral da cidade do Porto”.

Na A28, o trânsito ficou ontem condicionado durante mais de uma hora. Em declarações à agência Lusa, Sérgio Ferraz, da comissão de utentes daquela via, adiantou que a marcha lenta que culminou uma semana de protestos contra a introdução de portagens nas auto-estradas sem custos para o utilizador (SCUT) contou com a participação de "cerca de 500 viaturas", entre ligeiros e pesados. A acção começou com concentrações em Viana do Castelo, Esposende e Vila do Conde, convergindo depois para a Póvoa de Varzim. A marcha lenta terminaria no Porto.

"Esta está longe de ter sido a última iniciativa. Vamos continuar a nossa luta até que o Governo recue nesta medida", assegurou Sérgio Ferraz, que atribuiu à actuação das unidades da GNR o facto de a marcha lenta não ter sido "compacta".

A comissão de utentes da A28 remete agora "mais novidades" para o dia 20 de Junho. Para já, deixa a promessa de uma "grande manifestação de força" até ao início de Julho, a data fixada pelo Ministério das Finanças para começar a taxar as vias A28, A29 e A41/42. Sérgio Ferraz avisa: "Está tudo em cima da mesa e um bloqueio geral da cidade do Porto não está fora de hipótese".

Recurso aos tribunais é "última hipótese"

Na antecâmara da marcha lenta de quarta-feira, o porta-voz do movimento contra as portagens na A28 deixara já uma advertência ao Governo, sublinhando que "todas as formas de luta são possíveis". "Mas há sempre uma última hipótese, que é o recurso aos tribunais", atalhou Jorge Passos, citado pela Lusa.

"A A28 foi construída com dinheiros de fundos comunitários. Em si mesma já está paga", frisou o membro do movimento "Naturalmente, não às portagens na A28", acrescentando que aquela Auto-estrada surgiu como "alternativa" à Estrada Nacional 13, pelo que "é um contra-senso que digam que a 13 é alternativa".

"O IC19, que liga Lisboa a Sintra, com três faixas de rodagem em cada sentido, não tem portagens porquê? Por ser em Lisboa? E a A25, no Algarve, não é portajada quando se está a investir 150 milhões de euros na EN125, a estrada alternativa?", questionou ainda Jorge Passos.

Autarca de Viana do Castelo sem respostas do Governo

O presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo esteve no ponto de partida da marcha lenta, onde desafiou o Executivo de José Sócrates a divisar formas de minimizar o ónus das portagens para os "movimentos pendulares" e as "empresas que utilizam todos os dias as auto-estradas".

"Penso que seria de todo responsável que os utilizadores das auto-estradas pudessem ter um mecanismo de diferenciação, como um passe, que a partir de um determinado número de utilizações conferisse minimização de custos", defendeu o socialista José Maria Costa.

O autarca adiantou que já fez chegar a ideia ao Governo. Contudo, ainda não teve uma "resposta concreta. O Executivo fixou a data de 1 de Julho para o início da cobrança de portagens nas actuais SCUT do Norte Litoral, Grande Porto e Costa da Prata.

PUB