Montenegro fecha a porta a duodécimos em caso de chumbo do Orçamento

por RTP

Foto: José Sena Goulão - Lusa

Luís Montenegro avisa que governar o país em duodécimos não é solução. Diante do Conselho Nacional do PSD, na última noite, o primeiro-ministro lembrou que um chumbo do Orçamento do Estado trará uma crise política e instou a oposição a assumir responsabilidades, afirmando não estar a fazer "chantagem ou pressão política".

"Exprimo em jeito de conclusão um pensamento que creio que sua excelência o presidente da República tem deixado de forma muito clara: estamos, relativamente ao Orçamento, confiantes na sua aprovação porque estamos conscientes que os duodécimos não são solução", vincou o chefe do Executivo, ao intervir na abertura do Conselho Nacional do PSD.Ao início da tarde de segunda-feira, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que, "se não houver Orçamento", dar-se-á uma "crise política e económica".


Na reunião partidária, Montenegro recusou a ideia de estar a ensaiar uma estratégia de "chantagem ou pressão política".

"Todos tenham a noção de que tivemos duas eleições legislativas seguidas e que, a haver umas terceiras, seriam as terceiras em três anos", quis fazer notar.

"É imprescindível e imperioso que, nos próximos dias e nas próximas semanas, todos tenham sentido de responsabilidade, todos tenham sentido de Estado, todos tenham a capacidade de colocar o interesse coletivo à frente de qualquer outro interesse mais individualizado", carregou.O Conselho Nacional dos social-democratas foi convocado no quadro do adiamento do 42.º Congresso do partido, devido aos incêndios da última semana.


O primeiro-ministro sustentaria ainda que PSD e Governo não pretendem "decidir por ninguém ou sequer interferir na decisão concreta que os outros partidos vão tomar".

"Se o interesse nacional, no juízo destes partidos, for de rejeição do orçamento, têm de assumir a responsabilidade de rejeitar o Orçamento. Se o interesse nacional, na visão de outros partidos, é que devemos ter um Orçamento de Estado em vigor em 2025, devem naturalmente ter as iniciativas e diligências que possam contribuir para ter esse desfecho", prosseguiu, para garantir que "a porta" do Executivo "está aberta".

"Não vamos falar com impulsividade, com estados de alma, repito, vamos ter muita paciência, toda aquela que as portuguesas e os portugueses merecem, para que nós possamos privilegiar o interesse nacional face a qualquer outro interesse, mesmo que seja o nosso interesse partidário. Parece-me absolutamente incontornável que a interpretação do interesse nacional, do interesse coletivo, deve mesmo conduzir à aprovação de um orçamento do Estado para 2025", insistiu o governante.
"Compromissos assumidos em campanha"
Luís Montenegro enunciou, todavia, um limite para as negociações da proposta de Orçamento do Estado, designadamente o cumprimento "dos compromissos assumidos na campanha eleitoral com os eleitores", além do compromisso com o Parlamento e as forças políticas "que não rejeitaram o programa" do Governo.

Durante o seu discurso, precedido por um minuto de silêncio pelas vítimas dos incêndios, o líder laranja tratou de deixar mensagens aos adversários políticos, na sequência da troca de comunicados com o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos.

"Nós vemos na discussão pública muitos dirigentes, muitos responsáveis políticos, estarem permanentemente a alimentar pequenas questões, pequeníssimas questões, que interessam pouco ou nada às pessoas, pequena intriga. Enfim, posições às vezes tão incompreensíveis quanto infantis e imaturas", apontou.

Segundo Montenegro, desde abril que o Executivo da Aliança Democrática "esteve a governar, continua a governar" e está "onde sempre esteve".

Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos reúnem-se na próxima sexta-feira, a partir das 15h00, com a proposta de Orçamento do Estado para 2025 sobre a mesa.

c/ Lusa
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